Em matéria publicada nesta sexta-feira
no jornal O Globo sobre a rebeldia das lideranças regionais do PT em não seguir
a decisão do diretório nacional em impor uma aiança com o PMDB, o presidente do
PT no Maranhão, Raimundo Monteiro, admitiu pela primeira vez a possibilidade do
partido apoiar Flávio Dino nas eleições de 2014.
A declaração de Monteiro é na verdade
um aviso ao grupo Sarney que se insinua em transformar o deputado estadual, Zé
Carlos da Caixa, no intelocutor do PT com o governo, ocupando o lugar do
conselheiro do Tribunal de Contas, Washington Oliveira.
Há até que defenda a seu nome para
compor a chapa com Luís Fernando.
Monteiro e Zé Carlos não falam a mesma
língua dentro do partido embora ambos se igualem na proximidade com a família
Sarney.
A diferença é que Zé Carlos cumpre o
seu mandato de deputado estadual independente das benesses do governo.
O seu candidato no PED foi Henrique
Souza, que defende uma candidatura própria em 2014.
Veja a matéria de O Globo
RIO – Dois dias depois de lançada resolução do
diretório nacional do PT que submete as alianças regionais para 2014 ao aval da
cúpula do partido — com a prioridade absoluta de reeleger a presidente Dilma
Rousseff —, lideranças de estados como Rio, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul
divergem sobre os próximos passos para as coligações do ano que vem. E
sinalizam que não abandonarão os projetos regionais para satisfazer a direção
do partido.
Pré-candidato ao governo do Mato Grosso
do Sul, o senador petista Delcídio Amaral disse que uma aliança com o PMDB no
estado, como quer o ex-presidente Lula, está fora de cogitação. O senador não
descarta a possibilidade de formar chapa com o PSDB, tendo Reinaldo Azambuja
como vice. Para ele, não se pode sacrificar um projeto regional que, segundo
ele, tem fortes possibilidades de vitória.
Eu tenho ciência das dificuldades (de
formar uma chapa PT-PSDB), mas temos muitos argumentos que demonstram
claramente que essa é uma chapa que tem reais possibilidades de levar a
eleição. Vou apresentar os argumentos que devo como pré-candidato. Acho que, a
despeito de uma resolução nacional, não podemos sacrificar um projeto em um
estado. Se aqui as portas da aliança com o PMDB estão fechadas, vamos ficar isolados,
com oportunidade de ampliar? Não existe isso em política — disse Amaral, que
considera descartada uma aliança regional com o PMDB, inimigo histórico do PT
no estado:
— A polarização PT-PSDB aqui não
existe. Aqui no estado não tem como fazer aliança com o PMDB, não só pelo
histórico de enfrentamento, mas porque o PMDB já tem candidato lançado
(deputado Nelson Trad), então não há nem razão para se fazer essa discussão.
“Temos
consciência de que estaremos no fio da navalha”
Já o presidente do PT do Mato Grosso do
Sul, Paulo Duarte, disse que o ex-presidente Lula não vetou a aliança com o
PSDB, mas deixou claro que a coligação dificultará o projeto de poder nacional.
— Foi colocado claramente (pelo
presidente Lula) essa dificuldade da aliança com o PSDB. Não foi um veto (à
aliança com o PSDB), mas uma colocação muito clara da dificuldade em nível
nacional dentro do PT. Temos consciência de que estaremos no fio da navalha,
porque as duas alianças têm problemas, uma nacionalmente (PSDB) e outra em
nível estadual (PMDB). Claro que a direção nacional tem preferência pelo PMDB,
isso foi colocado claramente, mas vão respeitar. Podem influenciar, dar
palpite, mas não vão deixar de respeitar (a nossa decisão).
O PT do Rio disse que a decisão do
comando nacional do partido não afeta a situação no estado. O Rio é um dos
estados em que a queda de braço entre PT e PMDB é mais forte. Os peemedebistas
insistem na pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão, e os
petistas lançaram o nome do senador Lindbergh Farias para a sucessão estadual.
A troca de farpas já gerou momentos de crise entre os dois aliados.
— A candidatura do senador Lindbergh é
em comum acordo com a direção nacional — afirmou o presidente do PT-RJ,
Washington Quaquá, ressaltando que não há hipótese de uma intervenção em favor
do PMDB porque Lula e o presidente nacional do partido, Rui Falcão, querem a
candidatura de Lindbergh.
No PT do Espírito Santo, há a
possibilidade de manutenção de uma chapa PT-PSB para o governo do estado. O
diretório regional do PT capixaba quer continuar no governo do socialista
Renato Casagrande, que tentará a reeleição. Sobre o imbróglio, a senadora
petista Ana Rita disse que Rui Falcão se mostrou aberto ao diálogo e à
manutenção da aliança regional.
— Existe uma opinião por parte da
direção do partido de que é importante manter a aliança com o governador
Casagrande. O governador também mostrou essa disposição de ter o PT em sua
base, e isso está sendo conversado. O presidente do PT não mostrou nenhuma
resistência, se colocou aberto ao debate. Não existe isso de ser enquadrado (em
nome do projeto nacional), é importante que a direção nacional oriente o PT e
que tenha a abertura de ouvir — disse a senadora.
No Maranhão, o PT está dividido. Uma
parte da sigla quer apoiar a candidatura do presidente da Embratur, Flávio Dino
(PCdoB), e outra quer a aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney. Ela
vai indicar o atual secretário de Infraestrutura, Luis Fernando Silva, para a
sucessão. Na reunião entre Dilma, Lula e as cúpulas do PT e PMDB, no fim de
novembro, o único consenso foi a decisão do PT de apoiar o candidato da família
Sarney no Maranhão.
O presidente do PT no Maranhão,
Raimundo Monteiro, reconhece que existem problemas na aliança entre o partido e
o PMDB no estado e que ainda não foi comunicado da decisão que saiu do encontro
entre Dilma, Lula e representantes das duas siglas. Segundo ele, é possível que
o partido no estado decida apoiar Dino.
— Mas teremos que nos submeter à decisão do Diretório Nacional — afirmou
Raimundo. — O que a direção nacional determinar, vamos cumprir por entender que
o mais importante é a reeleição da presidente Dilma
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