Um pedreiro de Extrema (MG) resolveu unir criatividade,
economia e preservação ambiental na construção da casa própria e usou mais de
10 mil garrafas pet na estrutura do imóvel. O resultado é uma casa arejada,
resistente e ecologicamente correta. Usando materiais doados e reutilizando
outros, o custo do imóvel ficou em menos de R$ 15 mil. Especialistas acreditam
que o projeto, seguro e sustentável, é uma boa solução para a preservação do
meio ambiente.
Ao olharmos o imóvel de longe, a estrutura
aparenta ser uma casa convencional, mas ao nos aproximarmos, no lugar de
tijolos o que se vê são círculos coloridos das garrafas que geralmente usamos
para armazenar refrigerantes. O pedreiro Ed Mauro Aparecido Morbidelli conta
que teve a ajuda do pai para investir no projeto. "Noventa por cento das
garrafas foi meu pai que pegou nas coletas seletivas, passava antes do caminhão
e pegava as garrafas, e amigos que iam guardando nas casas.”
O pedreiro garante que as paredes são tão
firmes quanto as feitas com tijolos e que a casa resiste às ações do tempo.
"Isso aqui é um tijolo, quase 8 kg cada garrafa cheia", explica.
Além das garrafas cheias de terra, ele usou cimento e
areia. Com a ajuda de amigos, Morbidelli construiu a casa em um terreno na zona
rural da cidade. Foram dois anos de obras e para completar ainda falta o
acabamento, que ele vai executando aos poucos. O pedreiro nunca tinha feito
nada assim e conseguiu aprender sobre a técnica na internet.
Dentro da casa a temperatura é agradável.
Os cômodos recebem claridade pelas garrafas plásticas colocadas no telhado. A
decoração revela outro talento do pedreiro, de reaproveitar peças que seriam
descartadas. Com cacos de azulejo, ele montou mosaicos no banheiro, e com
madeiras que iriam para o lixo, fez uma cadeira. A pia da cozinha tem adornos
com fundos de garrafa de vidro e até batentes e janelas foram reformados, o que
deixou a construção da casa ainda mais barata. "Ficou cerca de uns R$ 12
mil a casa, mas reaproveitando janela, porta, tudo de demolição que foi
doado", calcula.
Quando Morbidelli começou a construir com garrafas pet,
surgiram outras ideias para que a casa fosse ecologicamente correta. A caixa
d'água, por exemplo, é toda abastecida com água de chuva e três caixas recebem
água direto da calha. O portão da casa e o arrimo na base são feitos de pneus.
Ele ainda plantou no terreno 72 mudas de árvores nativas e frutíferas.
Agora, Morbidelli espera que o projeto
dele possa ajudar outras pessoas. "Tem tanta gente que às vezes tem um
pedaço de terreno, mas não tem dinheiro pra construir e está pagando aluguel,
então você pode fazer algo com baixo custo e que fica bom, que dá pra você
morar e tem a preservação [do meio ambiente]. Então [é juntar] o útil ao
agradável."
Viável e sustentável
Segundo a arquiteta Ângela Marques, especialista em utilização de materiais alternativos em construções, o uso de garrafas pet em construção se iniciou na Índia e na América Latina, em 2000, e em 2011 ela foi utilizada na Nigéria pra resolver duas questões: o déficit de moradias e o descarte de garrafas pet nas ruas sem um uso adequado.
Segundo a arquiteta Ângela Marques, especialista em utilização de materiais alternativos em construções, o uso de garrafas pet em construção se iniciou na Índia e na América Latina, em 2000, e em 2011 ela foi utilizada na Nigéria pra resolver duas questões: o déficit de moradias e o descarte de garrafas pet nas ruas sem um uso adequado.
"A resistência deste material é muito
maior do que a do tijolo convencional, isso foi comprovado em pesquisas, e
também um ponto importante é a característica termoacústica que a parede de
garrafa-tijolo tem. A condutibilidade do calor é inferior ao do tijolo
convencional, isso garante que dentro de uma casa de garrafa pet você tem uma
temperatura que chega a 18º num país tropical. Isso é super confortável",
afirma.