Alvo
central da totalidade dos críticos da política econômica – do ex-ministro que
deixou o cargo com mais de 80% de carestia ao ex-presidente do BC que jogou no
mercado cerca de US$ 50 bilhões em reservas para segurar o câmbio, passando por
jornalistas não especializados, donos de fortes currículos acadêmicos e até
consultores de bases empíricas – a inflação está entrando na categoria de
assunto do passado.
Divulgado
nesta sexta-feira 8, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou
variação de 0,01% sobre junho, quando também havia subido abaixo das
expectativas, em 0,40%. O indicador confirmou o que todas as projeções do
mercado já indicavam: ao contrário das previsões em cascata sobre descontrole e
disparada, feitas nos últimos meses, a taxa inflacionário fechará o ano dentro
da meta de 6,5%, mais para o centro do que para a banda de cima. A explicação a
baixa taxa de julho está na queda dos preços dos alimentos e das passagens
aéreas.
Nas
apresentações dos executivos do BC ao mercado, a expressão "inflação
resistente" já foi abolida dos slides. Isso significa que a autoridade
monetária está segura do prosseguimento da estabilidade nos preços. O mercado
já está convencido, por outro lado, de que não haverá mais aumentos de juros
até o final do ano.
Essa
realidade esvazia as conclusões e prejudica os argumentos de inúmeros
comentaristas da cena econômica, que apostavam em nada menos que no descontrole
e o caos.
Pelo
Itaú Unibanco, que acaba de reportar lucro de R$ 4,2 bilhões no 2º trimestre e
redução da inadimplência ns contratos de crédito, o economista-chefe Ilan
Goldfjan chegou a pedir e insistir, mais de uma vez, na adoção de um plano de
desemprego como única forma de domar dragão. Formou ao lado dele nessa espécie
de cruzada cívica ao contrário, o também ex-diretor do BC Alexandre
Schwartsman. Ex-economista chefe dos bancos ABN-Amro e Santander, ele
atualmente ocupa o cargo de colunista do jornal Folha de S. Paulo.
A
atividade da economia, é certo, esfriou nos últimos meses, com redução na
criação de novas vagas de trabalho, mas ainda com saldo positivo. E não foi
preciso chegar aos níveis da recessão para controlar a inflação. Com o
instrumento, basicamente, de elevações na taxa Selic, o BC está provando que
vai sendo possível manter a taxa na meta sem provocar a crise social resultante
de um reivindicado desemprego. Agora, segundo indicam alguns dos principais
executivos da autoridade econômica, poderá ocorrer, paulatinamente, uma
apreciação do câmbio – outra reivindicação dos críticos –, com o objetivo de
dinamizar o setor exportador. Isso sem deixar com que, nas contas do governo, a
inflação volte a ser um problema de graves proporções.
As
previsões oficiais são de crescimento do PIB de pouco mais de 1% este ano. Este
parece ser o preço a pagar pelo controle da taxa, o que foi, repita-se,
solicitado com ênfase pelos comentaristas da cena pelo campo da oposição. O bom
resultado está sendo confirmado a cada dia. Há, é claro, quem não enxergue
nisso nenhuma vitória. Em informe a investidores, o fundador da consultoria
Empiricus – que deixou o anonimato ao ser proibida, na semana passada, de
divulgar análises consideradas partidarizadas pelo Banco Central -, Felipe
Miranda, saiu-se com a tese da "inflação escondida", que aumentaria
em até 2% os índices apurados por fontes confiáveis.
Miranda
é mais um que ficou falando sozinho, atropelado pela realidade. Como mostra a
montagem de imagens da manchete de 247, quem está acertando, de fato, quanto a
inflação, é a trinca formada pela presidente Dilma Rousseff, o ministro Guido
Mantega e o presidente do Banco Central, Alexadre Tombini. No lado esquerdo.
Abaixo,
notícia da Agência Brasil a respeito:
Inflação em julho
recua e acumulado fica no teto da meta de 6,5%
Vinícius Lisboa – Repórter da Agência
Brasil Edição: Denise Griesinger
O Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de julho em 0,01%, divulgou hoje (8)
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Com o resultado, a taxa
acumulada em doze meses ficou em 6,5%, que é o teto da meta do governo.
O indicador, que mede a inflação
oficial, havia encerrado o mês anterior acumulando valor superior à meta, aos
6,52%, com uma alta de 0,4% em junho. Em julho do ano passado, o IPCA havia
sido de 0,03%.
As contribuições que se destacaram no
mês de julho foram dos grupos transportes e despesas pessoais que puxaram a
taxa para baixo. Em 2014, a inflação acumulada em sete meses está em 3,76%,
acima dos 3,18% do mesmo período de 2013.
Abaixo, notícia do site Diário do
Poder sobre manifestação do ex-presidente do BC Armínio Fraga:
ARMÍNIO FRAGA
CRITICA ‘ARTIFÍCIOS’ USADOS PARA CONTER INFLAÇÃO
EX-PRESIDENTE DO BC
DISSE QUE INTERVENÇÕES NO CÂMBIO SÃO POPULISTAS
Rio - O ex-presidente do
Banco Central, Armínio Fraga, que esteve aconselhando o candidato do PSDB à
Presidência, Aécio Neves, criticou o uso dos preços da gasolina e da
eletricidade, por parte do governo, para controlar a inflação. Em entrevista à
agência de notícias Dow Jones na semana passada, o economista chamou as ações
do governo de “artifícios” e afirmou que essas manobras já estão se mostrando
ineficientes.
“Eu não me colocaria à disposição se
não estivesse profundamente incomodado, e eu estou”, disse Fraga sobre sua
decisão de apoiar o tucano Aécio Neves nas eleições deste ano. Segundo reportagem
da Dow Jones, o economista fala até em voltar ao governo, talvez se tornar
ministro da Fazenda, se seu candidato ganhar a disputa em outubro.
Embora a presidente Dilma Rousseff
ainda esteja à frente nos levantamentos de intenção de voto, Aécio se aproxima
cada vez mais da possibilidade de um segundo turno. De acordo com a última
pesquisa Ibope, divulgada nesta quinta-feira, se as eleições fossem hoje, Dilma
ganharia com 38% dos votos, ante 23% de Aécio.
Fraga também criticou as intervenções
do Banco Central no mercado de câmbio para controlar a alta do dólar, uma
medida que chamou de “manobra populista”. O ex-presidente do BC acredita que o
Brasil precisa voltar ao modelo do tripé econômico, com restrição dos gastos
públicos, metas de inflação e taxas de câmbio variáveis.
Segundo Fraga, o País precisa focar
nos fundamentos de longo prazo, como o aumento dos investimentos privados e o
controle fiscal. “Nós precisamos nos livrar desses artifícios, que têm muitos
efeitos colaterais, e focar no controle da inflação”, disse à Dow Jones.
Ele acredita que muitos brasileiros
sentem que o País está no caminho errado e que o pessimismo atual sobre a
economia é bem fundamentado. “Nossa história prova que inflação alta e balança
de pagamentos fraca nunca foram boas para o crescimento, muito pelo contrário”,
ele afirma.
Para o economista Luiz Gonzaga
Belluzzo, que participou das campanhas tanto de Dilma quanto do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Sila, as ideias de Armínio fraga já foram colocadas em
prática e não trouxeram crescimento robusto para o Brasil. “Eles falam sobre o
tripé econômico como se fosse a santíssima trindade, mas o fato é que durante
os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso o País cresceu muito
pouco, numa média de 2,3%”, criticou Belluzo.