Do UOL, em São Paulo - As operadoras de telefonia com
operação no Brasil começam a testar, nesta segunda-feira (17), um sistema para
bloquear telefones celulares piratas – esses aparelhos não são homologados pela
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O objetivo inicial é fazer
um diagnóstico e, segundo a agência, o processo de bloqueio só deve ter início
a partir do segundo semestre de 2014.
A
Anatel afirma que o objetivo não é prejudicar os usuários, mas sim garantir que
os telefones celulares em uso no Brasil sigam as determinações estabelecidas
pela agência. Sem o selo de homologação, não há como saber se o aparelho atende
aos requisitos para funcionar com qualidade (para “conversar” com a rede de
telefonia, por exemplo) e segurança (caso da bateria, que pode apresentar
problemas no carregamento).
O
sistema de bloqueio baseia-se no IMEI (International Mobile Equipment
Identity): um número único de identidade do telefone celular. O cadastro
nacional desse dado será cruzado com o dos chips (IMSI), permitindo que as
operadoras identifiquem se o aparelho é “legítimo” (homologado).
Saiba como identificar celular
pirata
A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica) aponta que o primeiro passo para identificar um smartphone falso é
checar o selo ou código da Anatel: todos os aparelhos legais possuem o selo da
agência reguladora, logotipo ou número de certificação. Com a numeração em
mãos, o usuário pode pesquisar o código no próprio site da Anatel,
verificando assim sua legalidade.
Uma
visita da reportagem em maio do ano passado, a um centro comercial de São Paulo
famoso por vender celulares piratas, não encontrou nenhum smartphone falso com
as informações da Anatel.
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Caso ainda reste alguma dúvida ou não
seja possível verificar o selo, o usuário deve prestar atenção nas
características físicas. Até as embalagens servem como alerta, pois os
celulares ilegais geralmente usam caixas genéricas, que servem para qualquer
aparelho.
Durante
a visita da reportagem, diversos aparelhos foram oferecidos em uma caixa
completamente branca, sem nenhuma informação. Em outros casos, a película
do aparelho exibia diversas características inexistentes no produto, como
câmera de 12 megapixels, sistema Android e TV digital. Questionada sobre os
itens divulgados, a vendedora confirmou que nem sempre o produto oferece as
funções estampadas.
Com
o smartphone na mão, é possível ver detalhes que desmascaram a cópia: nomes
errados, acabamento ruim, acessórios genéricos ou de outras marcas, como a
bateria ou o carregador. A reportagem encontrou, por exemplo, um Samsung Galaxy
S III falso com uma bateria da marca Nokia.
Além
dos acessórios, a equipe se deparou com “modelos” que não existem, como o G-S-Y
SIII, que é produzido como se fosse da marca Samsung.
A
falta de manual ou texto em outra língua também pode ser um indício de que
o produto é irregular. Se o comerciante não oferecer garantia ou se recusar a
emitir nota fiscal, o usuário deve ficar atento. Nenhuma loja visitada pela
reportagem ofereceu garantia ou nota. Quando uma vendedora foi questionada
sobre o que o usuário deveria fazer se o gadget desse problema, a resposta foi
“jogar fora”.
Se
o aparelho for idêntico ao original, outra possibilidade de avaliação é testar
os recursos do gadget. Geralmente, eles não cumprem o que prometem. Uma cópia
do Nokia Lumia 920, encontrado pela reportagem durante a visita, por exemplo,
funcionava com Android e não com o Windows Phone, presente no aparelho
original.