Artigo escrito por
EDUARDO GUIMARÃES do 247
A
eleição presidencial começou mesmo em 13 de agosto último, nem duas horas após
o anúncio da morte de Eduardo Campos – o irmão dele já se oferecia para ser
vice na chapa de Marina Silva, quem, no mesmo dia, já começava a fazer seus
cálculos políticos.
A partir dali, a mídia transformou Marina em viúva-honorária do
falecido. Durante mais de uma semana, TV, internet, rádio, revistas, jornais e
o que mais se puder imaginar inundaram a sua vida, leitor, com imagens da viúva
política de campos ostentando expressão de dor que só ela sabe afetar.
E, de quebra, vestindo preto.
Por alguma razão que este que escreve jamais compreendeu, Globo,
Folha, Veja e Estadão acreditaram que a disparada de Marina se daria às custas
dos votos de Dilma e não dos de Aécio, porque a pessebista seria “de esquerda”
como a petista.
Tolinhos…
Marina, porém, como foi previsto aqui tantas vezes, tornou-se
problema imediato de Aécio, não de Dilma. Assim, tal qual vampira sugou os
votos do tucano até deixa-lo literalmente exangue, eleitoralmente.
Fico só imaginando a cara desses apalermados da mídia
corporativa ao perceberem o tiro de bazuca que haviam dado no próprio pé.
Eis, então, que, confiante na estupidez do eleitorado, a mídia
desanda a espancar aquela em quem ainda não confiava – justamente por caírem na
dela e acreditarem-na “de esquerda” –, na esperança de ressuscitar o tucano
abatido em voo baixo.
Volto a ver, em pensamento, a expressão abobalhada que se
estampou nas fuças dos “doutores” em tudo que infestam a imprensa brasileira.
Agora, os “geniais” apalermados e abobalhados barões da mídia
tiveram mais um plano infalível: transformar em agressão torpe, baixaria, golpe
abaixo da cintura Dilma meramente travar o debate político sobre as propostas
vacilantes da adversária.
Querem impedir que Dilma reaja ao que fez Marina no debate da
Band, que aconteceu não faz nem um mês, quando a verdinha espancou os dois
principais adversários enquanto estes se encolhiam ante a agressão de alguém
recém-canonizada.
Apesar dos fatos sobre quem começou a troca de críticas, a capa
da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma
santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada,
covarde e todos os outros adjetivos necessários à caricatura.
Será que vou precisar resgatar a montanha de matérias da própria
grande mídia reconhecendo que quem começou a pancadaria foi Marina no debate da
Band ou a mídia golpista de direita prefere reconhecer já que Marina chorar
agora por simplesmente ser criticada, logo após ter partido para cima dos que
só revidam, não passa da mais pura vigarice?
Quão trouxa é o eleitorado brasileiro? Já se viu que não tanto
quanto pareceu no momentum da passagem de Eduardo Campos.
Aos poucos, as pessoas foram se posicionando – mais rapidamente
no lado de Marina e mais lentamente no lado de Dilma –, e o país se dividiu em
igualdade de partes. Como se disse aqui tantas vezes, esta eleição será
decidida por margem exígua, talvez por uma casa decimal.
Nesse quadro, a eleição pode caminhar para uma loteria. Afinal,
há muito trouxa no Brasil capaz de votar em lágrimas ou em viúvas de araque que
chegam a fazer “selfie” sobre o caixão do “cônjuge” recém-saído desta para
melhor.
Se o pior suceder, se ficar provado que a maioria do povo
brasileiro é composta por trouxas e se, assim, os trouxas vencerem a eleição
presidencial, quem irá chorar por último serão eles. Muito poucos irão ganhar
em um governo de banqueiros e barões da mídia.