Apesar do rebaixamento da nota
do Brasil pela agência Standard & Poor's, o país tem compromisso com o
controle da inflação e a diminuição da dívida pública, disse hoje (29) a
presidenta Dilma Rousseff. Em evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), na Bahia, ela ressaltou que a economia do país continua com bons
fundamentos, mas tem o desafio de melhorar os serviços públicos e aumentar a
produtividade.
Sem se
referir diretamente à decisão da agência de classificação de risco, Dilma
declarou que os números mostram que a economia brasileira continua sólida. “Não
nos abalaremos com julgamentos apressados, com conclusões precipitadas que a
realidade desmentirá. Todos sabemos que, em economia, a realidade sempre se
impõe”, disse.
A
presidenta lembrou que, nos últimos dez anos, a inflação tem ficado dentro da
meta. Segundo ela, a dívida líquida do setor público, atualmente em 33,7% do
Produto Interno Bruto (PIB), encerrará o ano em queda e o país tem reservas de
quase US$ 380 bilhões, que fornecem lastro para lidar com qualquer volatilidade
internacional.
Dilma destacou ainda que o país
acumula investimentos estrangeiros diretos de US$ 65 bilhões nos últimos 12
meses e que o programa de concessões de rodovias, aeroportos e portos e os
leilões de energia elétrica, petróleo e gás trarão investimentos de US$ 80
bilhões para o Brasil nos próximos cinco anos.
“Em
alguns momentos, expectativas, especulações, avaliações e até mesmo interesses
políticos podem obscurecer a visão objetiva dos fatos. Para nós, o que importa
é que continuaremos a agir para manter o pais no rumo certo, sem abdicar em
nenhum momento do nosso compromisso fundamental com a solidez da economia e com
a inclusão e o desenvolvimento social e ambiental do país”, acrescentou.
Apesar
de reiterar a confiança na economia, a presidenta admitiu que o país tem novos
desafios a enfrentar após o aumento da renda na última década. Segundo ela, o
principal desafio consiste em aumentar a produtividade e melhorar a
infraestrutura, a educação e a eficiência dos serviços públicos. “Temos o
desafio de acolher e atender às reivindicações que surgiram na população.
Criamos um imenso contingente de cidadãos com melhores condições de vida e mais
conscientes dos direitos”, declarou.
A
presidenta comentou os desafios da economia brasileira na cerimônia de abertura
da 55ª Reunião da Assembleia dos Governadores do BID, na Costa do Sauípe, na
Bahia. No encontro, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, assumiu a
presidência da Assembleia de Governadores da instituição. Para Dilma, o apoio
do banco de fomento é importante para financiar investimentos sociais, projetos
de infraestrutura e de integração regional num momento de recuperação da
economia internacional.
O
presidente do BID, Luis Alberto Moreno, disse que tanto o Brasil como a América
Latina têm o desafio de conciliar crescimento com desenvolvimento social em
meio a uma população cada vez mais exigente em relação aos serviços públicos e
à educação. Segundo ele, com menos recursos fluindo das economias avançadas
para os países em desenvolvimento, a América Latina e o Caribe podem crescer
3,5% ao ano, mas essa taxa, declarou, é insuficiente para que a região se
beneficie das mudanças tecnológicas globais.
“A
discussão hoje não é se chegaremos a esse destino [desenvolvimento social], mas
como chegaremos num contexto global mais resistente. Os países desenvolvidos
estão se recuperando, mas os ventos internacionais agora estão menos
favoráveis”, disse ele. Para o presidente do BID, a América Latina precisa de
uma agenda que ataque as deficiências tecnológicas, educacionais, financeiras e
ambientais.
