“O objetivo das
facções criminosas era de atear fogo em pelos menos 20 coletivos na capital,
matar policiais militares e a determinação partiu de dentro do presídio, mas, a
polícia conseguiu impedir essa ação criminal”, afirmou o secretário de
Segurança Pública, Aluísio Mendes, de domingo (5), durante coletiva na sede da
secretaria, na Vila Palmeira.
Ainda foram
apresentados para a imprensa os dez suspeitos (oito maiores e dois menores de
idade) de participarem dos ataques ocorridos, na noite da última sexta-feira
(3), na Região Metropolitana de São Luís, que resultou na destruição de quatro
coletivos, atentado a delegacia do São Francisco, tentativa de homicídio de
cinco pessoas e a morte do sargento reformado da Polícia Militar, Antônio César
Serejo.

Liberdade
Ainda foi registrado, na noite de sábado (4), mais um ataque à delegacia. Desta
vez o alvo foi o 8º Distrito Policial, na Liberdade. A viatura e a porta da
frente foram alvejadas a tiros. Aluísio Mendes relatou que esse fato foi em
conseqüência da prisão de Hilton Araújo e, na manhã de domingo, os acusados a
essa ação foram presos pelo Batalhão de Choque, identificados como Bruno Airton
Carneiro, de 19 anos, e o outro é adolescente. Ambos foram apresentados no
Plantão de Polícia Civil da Beira–Mar.
Suspeitos presos
Estão detidos e vão responder por ato de vandalismo o coordenador dessa ação,
Hilton John Alves Araújo, 27 anos, “Praguinha”; Jorge Henrique Amorim Martins,
de 21 anos, “Dragão”, Wilderley Moraes, 25 anos, “Paikan”; Diego da Silva do
Carmo, 20 anos, “Mocozinho”; Francisco Antônio Lobato Júnior, 26 anos,
“Frazão”; Rogenilson Boaventura Brito, 22 anos, “Pelado”; Luis Gustavo do
Nascimento, 18 anos, “Melônio” ou “Gustavo”; Ismael Caldas de Sousa, 25 anos,
“Piranha”.
Aluísio Mendes informou também que a prisão desses suspeitos foi um trabalho
feito por todo o sistema de Segurança Pública. Também deixou claro que tinham a
ciência desde as 17h de sexta-feira que os criminosos das facções,
principalmente, os internos estavam revoltados com a presença da polícia dentro
dos presídios e realizariam a qualquer momento uma ação de terror na cidade.
Desde esse momento, foi montado um trabalho de policiamento e reforçado o
policiamento ostensivo nos quatro cantos da ilha.
Mesmo com todo esse aparato policial na rua, eles ainda atearam fogo nos
coletivos, atiraram nos traillers da PM, no 9º Distrito Policial, no São
Francisco e deixaram vítimas sendo três adultos (Abiançy Silva Santos, de 35
anos; Márcio Ronny da Cruz Nunes, de 37 anos; e Juliane Carvalho Santos, de 22
anos) e duas crianças internadas em estado delicados no hospital.
Ainda segundo o secretário, esse tipo de vandalismo está ocorrendo em todos os
estados brasileiros coordenados, na maioria das vezes, por chefes de facções
criminosas, que mesmo presos conseguem articular as ações criminosas.
Delegacia em Pedrinhas
A partir de segunda-feira (6), será instalada uma delegacia dentro de Complexo
de Pedrinhas, que funcionará por 24 horas.
Esse distrito tem como objetivo agilizar as ocorrências que ocorrem nas casas
de detenções da capital, inclusive, de processos. Além disso, está funcionando
um sistema de bloqueador de celulares, mas de forma experimental e outros
estados como Rio de Janeiro e São Paulo já usam com resultados bem positivos.
Em relação à morte do sargento César, que ocorreu na Vila Nova República, o
secretário frisou que foi vítima de latrocínio, pois, os acusados queiram levar
a arma do militar. Até o momento, ninguém foi preso.
Sem coletivo
As pessoas que precisaram de coletivos pela cidade durante o fim de semana, no
período da noite, ficaram prejudicadas. Pois por volta das 18h toda a frota foi
recolhida para os pátios das empresas.
Muitos motoristas e cobradores estavam com medo de trabalhar devido à onda de
violência. Segundo Antônia Veras, de 34 anos, que trabalha como cobradora,
disse que somente no ano passado foi assaltada cinco vezes e ainda presenciou
um passageiro ser esfaqueado por um bandido.
Já o outro companheiro de serviço, Douglas Silva, de 29 anos, lembrou que foi
vítima de assaltantes três vezes em 2013 e, neste ano já passou pelo mesmo
crime, só que no bairro da Liberdade. “Iremos cruzar os braços enquanto não
proporcionarem segurança para a nossa classe”, garantiu.
O secretário Aluísio Mendes confirmou que o policiamento está garantido para
que não haja mais depredação a coletivos na capital e os inúmeros assaltos.
“Convidamos o sindicato dos rodoviários, a Prefeitura, a SMTT, o Set para uma
reunião, no sábado, para tratar sobre a segurança no transporte coletivo. A
segurança está garantida, porém, a classe tomou a atitude de suspender a
circulação dos ônibus no período da noite e isso acaba prejudicando a
população”, comentou.
Está marcada para a manhã de segunda-feira (6), uma reunião, na Secretaria
Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), no Maranhão Novo, com o secretário
da pasta, Carlos Rogério; direção do Sindicato dos Rodoviários e representantes
do Sindicato das Empresas de Transportes de São Luís (Set) para discutir a
situação da circulação dos ônibus na cidade.
Insegurança
Apesar da Polícia Militar, Civil e as aeronaves do Grupo Tático Aéreo realizar
operações durante todo o fim de semana, a população estava com receio de
transitar pela cidade.
Muitos bares e programações culturais foram canceladas. “Não abrir o meu bar,
na noite de sábado, domingo e vai continuar fechado, pois estou com medo com
essa onda de terror”, declarou Ana Maria Silva, de 56 anos, proprietária de um
bar, no bairro da Liberdade.
O outro comerciante, Antônio Nunes, de 49 anos, morador do Monte Castelo, disse
que está com o seu estabelecimento comercial fechado desde sábado pela manhã e
vai abrir apenas na segunda-feira (6). “Vou ver primeiramente o trabalho da
polícia para depois começar a trabalhar de novo, mas quero segurança”.
Suspeitos da ação de terror
Hilton Jhon Alves Araújo: coordenou de fora do presídio toda ação criminosa, 27
anos, conhecido como “Praguinha”, condenado à 20 anos em regime fechado, por
crime de homicídio. Esteve foragido no ano de 2012, quando recebeu da Justiça o
benefício de saída temporária de Natal e não retornou à Penitenciária de
Pedrinhas. A polícia conseguiu prender Hilton Araújo novamente em janeiro de
2013, mas em outubro passado a Justiça concedeu a ele, mais uma vez, a
liberdade - deu ordem de soltura por considerar que havia decurso de prazo
(morosidade) no recurso interposto contra sua condenação.