No Dia Mundial de Combate às
Hepatites Virais lembrado hoje (28), especialistas alertam a população para
cuidados rotineiros e simples capazes de evitar a contaminação dos tipos mais
comuns da doença no Brasil: A, B e C. A higiene pode prevenir a transmissão do
tipo A, que ocorre por ingestão de água e alimentos contaminados. Sempre lavar
as mãos com sabão depois de ir ao banheiro, ferver a água em locais onde não há
água clorada, higienizar os alimentos são algumas dicas evitar esse tipo de
hepatite, doença que atinge o fígado.
Os
tipos B e C, mais virulentos – que têm como principal forma de transmissão o
contato com sangue e as relações sexuais – também podem ser evitados com maior
cuidado em atividades corriqueiras. A coordenadora estadual de Hepatites
Virais da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Clarice Gdalevici,
lembrou que garantir instrumentos esterilizados na manicure é uma forma de
evitar o contágio.
“[Isso
ocorre com] todos os instrumentos de manicure, mesmo que não sejam cortantes,
mesmo o palitinho, se tiver sangue na cutícula. O ideal é que o material seja
de uso próprio”, informou. “[Com] tatuagens também, tanto a tinta como a agulha
devem ser descartáveis ou esterilizadas para uso de mais de uma pessoa”,
orientou ela.
Escovas
de dente, aparelho de barbear, brincos, entre outros acessórios pessoais, não
devem ser compartilhados, pois também podem ser transmissores da doença. No Rio
de Janeiro, foram registrados 5.261 casos de hepatite B e 6.162 casos de
hepatite C, entre 2005 e 2012. Anualmente, são ocorrem cerca de 700 novos
registros. A hepatite C é a que mais atinge a população do Rio. “Estamos
investindo em campanhas de testes rápidos de 30 minutos nas regiões de maior
incidência”, frisou a médica. “Muitas pessoas não sabem que têm a doença, que
demora a se manifestar”, completou.
Para o
presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, além
dos cuidados com a higiene, a vacinação é fundamental para a prevenção,
sobretudo no caso da hepatite B que pode ser tornar crônica e manter a
circulação do vírus na comunidade.
“Quanto
mais cedo a pessoa adquirir a hepatite B, maior a chance de que ela se torne
portadora crônica”, explicou ele ao lembrar que a vacina contra o tipo B faz
parte do Programa Nacional de Imunizações há 14 anos. “Na época, ela era
oferecida apenas a recém-nascidos e hoje é oferecida para pessoas até 49 anos.
Felizmente não há mais ocorrências em crianças. O desafio agora é universalizar
o acesso, pois é uma doença que atinge todas as idades”, explicou Renato Kfouri.
Para
ele, a baixa adesão de jovens e adultos à imunização da hepatite B se deve
sobretudo à falta de informação. “Muitos não sabem sequer que existe vacina
para essas faixas etárias. Há uma cultura muito forte de vacinação da criança,
mas ainda estamos muito longe na cobertura vacinal de jovens, adultos e
idosos”, destacou. “Com a universalização, mais informação e conscientização
conseguiremos erradicar pelo menos as hepatites A e B”, acrescentou.
Não há
vacina para prevenir a hepatite C – a mais severa desses três tipos mais comuns
no Brasil, podendo causar câncer no fígado. A vacina contra a Hepatite A
começou a ser fornecida, pelo Sistema Único Saúde (SUS), para crianças de 1 a 2
anos no mês passado. Crianças maiores, adolescentes e adultos podem ser vacinados
em clínicas privadas.
A
hepatite A é mais leve, mas existem alguns casos fulminantes. O tipo B é 100
vezes mais infeccioso do que o HIV, e "o infectado costuma portar o vírus
mesmo depois de curado”, segundo Renato Kfouri. “As chances de um recém-nascido,
filho de uma mulher com hepatite B, ser portador do vírus para o resto da vida
é 90%.”