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domingo, 8 de dezembro de 2013

Brasil investe metade do recomendado pela OCDE para o ensino básico

Brasília – O Brasil deve aumentar os investimentos na educação básica para melhorar também o ensino, analisa o diretor de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher. Dados coletados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2012 mostram que o país investe em média US$ 26.765 por estudante entre 6 e 15 anos. Um terço da média dos demais países da OCDE, US$ 83.382. E pouco mais da metade do que o OCDE considera como investimento mínimo por aluno, US$ 50 mil. Representantes do governo reconhecem que é preciso fazer mais e em ritmo acelerado.
"Quando se investe US$ 50 mil por aluno, o dinheiro não importa mais, deixa de ser uma questão limitante para o desempenho do estudante", diz o diretor da OCDE. Segundo o relatório do Pisa divulgado na última semana, o Brasil ocupa o 58º lugar em matemática, o 55º lugar em leitura e o 59º em ciências em um ranking de 65 países. A prova é aplicada a cada três anos pela organização e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos. A cada ano, o relatório tem uma área como foco. Em 2012, o destaque foi para matemática.
Schleicher diz que o investimento deve aumentar, mas atribui a nota do Brasil também à falta de equidade na distribuição dos recursos. Caso todas as escolas tivessem as mesmas condições de aprendizagem e todos os estudantes cursassem a série adequada para a idade, (como 15 anos na 1ª série do ensino médio), o Brasil poderia chegar aos 460 pontos na avaliação, com o mesmo investimento atual. A pontuação atual é 391.
"Se o país conseguisse eliminar a grande repetição dos alunos e se todo estudante tivesse acesso à educação, o Brasil teria um progresso grande, com o investimento atual. Não fiz as contas, mas acredito que chegaria aos 460 pontos em matemática", disse. A pontuação conferiria ao Brasil a 43ª posição no ranking.
O relatório trouxe um alerta em relação à aprendizagem, a nota média do país o coloca no nível 1, em um total de seis níveis. O sexto nível é a proficiência. Estar no nível 1 significa que os alunos conseguem fazer apenas operações básicas. Para Schleicher, é necessária uma maior ênfase nas escolas que enfrentam dificuldades. "No Brasil, os melhores professores estão nas melhores escolas. Em países como a China é o oposto, se você é um bom professor você deve ajudar a melhorar o desempenho das escolas desfavorecidas", diz. Ele também citou a desvalorização dos docentes no país, o que torna a carreira menos atrativa a bons estudantes. O piso para a jornada de 40 horas é R$ 1.567.
Os dados do Pisa apontaram ainda a falta de confiança dos alunos em aprender matemática. "Eles dizem que é preciso ter talento para aprender a disciplina. Isso não ocorre nos países com as melhores pontuações", diz. Mais de 80% dos estudantes dizem que o conteúdo é muito difícil. Em Xangai, na China, que ocupa o primeiro lugar no ranking, esse índice é pouco mais de 50%. No Brasil, quase 55% dos estudantes acreditam que não têm sorte, contra pouco mais de 30% de Xangai. Mais de 45% dizem que os professores não conseguem fazê-los se interessar. Em Xangai, a porcentagem é 40%.
Apesar do cenário, o coordenador parabenizou o Brasil pelo maior crescimento entre os países que participaram do Pisa. O país que passou de uma pontuação de 356 em 2003 em matemática, para 391 em 2012. O Brasil também avançou na inclusão e na redução da defasagem idade-série. São 420 mil estudantes a mais no sistema de ensino. A porcentagem de alunos do ensino médio que não estavam na série adequada à idade caiu de 54,9% em 2000, para 31,1% em 2012.  
Schleicher acredita que, em 21 anos, o Brasil conseguirá alcançar a média da OCDE, que em 2012, chegou a 494 pontos. "As condições atuais sugerem que o Brasil vai ter um crescimento ainda mais acelerado nos próximos anos e talvez alcance esse patamar em menos tempo".
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, disse que "os indicadores nacionais e internacionais permitem aprimorar a análise". Ele ressaltou que a principal medida para melhorar o ensino é a valorização e a formação do professor. "Somos o país que mais aumentou o investimento de recursos, apesar de ainda aplicarmos um terço da média dos demais países da OCDE. Alocar recursos no professor é fundamental, e o caminho que estamos seguindo [com programas de formação] reforça essa tese e mostra como temos que acelerar", diz.
Ao analisar os dados Pisa 2012 durante a semana, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a fotografia da educação no Brasil ainda não é boa, mas destacou que os avanços podem ser considerados uma“grande vitória”. “O resultado em relação a nossa evolução é uma grande vitória da educação brasileira. Não podemos nos acomodar e temos ainda um atraso histórico muito grande quando falamos em qualidade da educação. Fizemos muito, mas temos que fazer muito mais”, disse.

Da agência Breasil


Vasco e Fluminense podem ser rebaixados juntos hoje


O futebol carioca não fez o campeão brasileiro. Não possui representante no G4. E um dos clubes do estado vai terminar o domingo rebaixado no campeonato.
Dependendo da combinação dos outros resultados de hoje, podem ser dois.
Vasco e Fluminense começam a última rodada na zona de descenso e precisam vencer, respectivamente, Atlético-PR e Bahia para terem alguma chance de escapar.
Os dois times atuam fora de casa.
Vitória não basta. Em antepenúltimo, o Fluminense (43 pontos) torce contra Vasco (44) e Coritiba (45). Além do resultado positivo, o Vasco espera que os paranaenses não vençam o São Paulo ou o Criciúma (46) perca para o Botafogo.
"Não adianta se desesperar e sair com tudo para o ataque. Precisamos ter calma, antes de tudo", pede o técnico vascaíno, Adilson Batista.
Ele foi contratado no final de outubro para tentar afastar a ameaça de rebaixamento. Situação parecida com a de Dorival Júnior no Fluminense. O treinador chegou apenas na segunda semana de novembro.
"Eu acredito que nossa chance é boa. É muito possível que a combinação de resultados de que precisamos aconteça. Mas, se não vencermos, não vai adiantar absolutamente nada", diz Dorival.
Os cariocas já trocaram de técnico duas vezes na competição. O Vasco começou com Paulo Autuori, depois teve Dorival Júnior (atualmente no Fluminense) e hoje está com Adilson Batista.
O clube das Laranjeiras já teve Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo.
As diretorias temem atos de violência das torcidas caso fiquem entre os quatro piores do campeonato. O Vasco reforçou a segurança do elenco em Joinville, local da partida contra o Atlético-PR. A sede social do Fluminense estará fechada até amanhã.
Os dois já estiveram na Série B no passado. O Vasco foi rebaixado em 2008. O Fluminense passou pela mesma situação em 1997 e, no ano seguinte, caiu para a Série C. Foi campeão da terceira divisão em 1999. Com a criação da Copa João Havelange, em 2000, retornou à elite.


Pesquisa mostra que metade dos brasileiros teme ser assassinados

Metade dos brasileiros têm “muito medo” de morrer assassinados e quase um terço acredita que pode ser vítima de homicídio nos próximos doze meses. O índice de homens que se sentem seguros para andar nas ruas do bairro onde vivem é de apenas 26,7%. Entre as mulheres, essa proporção cai para 18,7%. Os dados assustadores sobre o pânico da população em relação à violência urbana são da Pesquisa Nacional de Vitimização, divulgada ontem pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e com o Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Um dos coordenadores responsáveis pela metodologia da pesquisa, o professor da UFMG Cláudio Beato, que considerou os dados “surpreendentes”, destacou a amplitude do levantamento divulgado. “Nós temos esse tipo de pesquisa na Inglaterra, no México. Os Estados Unidos fazem isso, por exemplo, desde os anos 1960. Há também dados feitos pela ONU e pesquisas brasileiras, mas nenhuma de abrangência nacional até agora”, descreve. Uma das revelações mais interessantes, segundo Beato, é a baixa procura da polícia por parte da população. Entre os entrevistados, só 19,9% registraram boletim de ocorrência sobre os crimes sofridos um ano antes da pesquisa. “Há essa diferença entre o que é notificado e o que efetivamente ocorre”, diz.

O levantamento, que ouviu cerca de 78 mil brasileiros, de 346 municípios de todas as unidades da Federação, entre 2010 e 2012, trouxe informações que permitem entender a dimensão da violência para além dos registros oficiais. Entre os entrevistados, 32,6% disseram já ter sofrido algum dos doze tipos de crimes listados em algum momento da vida, e outros 21% foram vítimas no ano anterior à visita dos pesquisadores. Entre os delitos pesquisados, o mais comum é a agressão física e verbal, sofrida por 14,3% dos ouvidos. A discriminação, como injúria racial, aparece em segundo lugar, com 10,7%, seguido pelo furto de objetos, com 9,8%.

Ferramenta

“Esse levantamento, junto com os registros de ocorrência das delegacias e outras pesquisas, vai servir para desenhar e avaliar a política de segurança pública. Ela tem que ser encarada como uma ferramenta para a melhoria dos serviços”, disse a titular da Senasp, Regina Miki. Ela ressaltou que, embora a responsabilidade pela área de segurança seja dos estados, a pesquisa ajudará o Ministério da Justiça a “induzir na direção certa” a condução das políticas para o tema.

Todos os dados obtidos durante o levantamento podem ser organizados de acordo com critérios como renda, raça, gênero, idade e nível de escolaridade dos entrevistados. O relatório também disponibiliza informações em termos geográficos. A Região Norte, por exemplo, concentra a taxa de pessoas que disseram ter sofrido algum crime. No topo do ranking, está o Amapá, onde 46% se disseram vitimados nos 12 meses anteriores, seguido do Pará, com 35,5%. No outro extremo está a Região Sul. Santa Catarina aparece com o menor índice, apenas 17%.

O levantamento foi dividido em três áreas principais: a primeira é a vitimização propriamente dita, isto é, os crimes sofridos pelos entrevistados, e se foram registrados ou não; a “percepção de segurança” dos entrevistados, com perguntas sobre o quanto eles se sentem seguros em diversas situações; e uma avaliação sobre o desempenho das polícias. Conduzida pelo Instituto Datafolha, a pesquisa envolveu 2.285 pesquisadores de campo treinados pela UFMG. Todos os 346 municípios têm mais de 15 mil habitantes.

“Censo” da violência

A Pesquisa Nacional de Vitimização, divulgada ontem, trouxe índices assustadores sobre a segurança pública do país e a forma como a população encara o problema da criminalidade. Veja algumas das informações extraídas do extenso levantamento:

» 32,6% dos brasileiros já sofreram algum crime durante a vida

» 21% foram vítimas no ano anterior à pesquisa

» Apenas 19,9% registraram ocorrência

» 46% dos entrevistados do Amapá já foram vítimas, maior taxa no país

» 17% dos ouvidos em Santa Catarina já foram vítimas, menor taxa no país

» 14,3% dos que sofreram crimes foram agredidos

» 71% dos brasileiros temem o roubo à residência

» 18% confiam “muito” na Polícia Militar, mas 77% disseram confiar

» Em Minas Gerais, 26% confiam “muito” na polícia, maior índice no país