O ex-deputado José Genoino (PT-SP), um dos condenados no processo
do mensalão,recebeu
novo laudo negativo a seu pedido de aposentadoria por invalidez. Na sexta-feira
(14), médicos da Câmara entregaram à direção da Casa um parecer em que negam o
pedido do ex-parlamentar. Pela segunda vez, a junta médica afirma que Genoino,
que tem pressão alta, possui limitações à sua saúde, mas elas não são
suficientemente graves para justificar uma aposentadoria especial.
Mas, após a conclusão da perícia, representantes do ex-deputado pediram
à Câmara que aguardasse um novo exame da pressão arterial de Genoino. Com isso,
o laudo vai voltar à junta médica para uma nova análise. Dependendo do
resultado do novo exame, a junta poderá ou não mudar as conclusões fechadas na
semana passada.
Também hoje Genoino pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) prisão domiciliar
definitiva. Ele alegou que, além dos problemas no coração possui uma “síndrome
depressiva”, segundo a Globonews. O pedido será analisado pelo presidente do
tribunal e relator do mensalão, Joaquim Barbosa. Genoino cumpre,
provisoriamente, a pena de prisão em casa em Brasília.
No pedido, o advogado Luiz Fernando Pacheco argumenta que Genoino tem
cardiopatia grave e não tem condições de cumprir a pena em um presídio por ser
“paciente idoso vítima de dissecção da aorta”. Segundo ele, o sistema penitenciário
não tem condições de oferecer tratamento médico adequado ao ex-parlamentar.
“Qualquer outra solução significa expor desnecessariamente o paciente a elevado
risco de morte, tendo em conta a possibilidade da ocorrência de trombos, picos
hipertensivos ou eventos hemorrágicos ou cardiológicos”, afirmou o advogado.
Segunda rejeição
Esta é a segunda vez que a junta médica da Câmara se posiciona contra a
concessão de aposentadoria especial a Genoino. Em novembro, o diagnóstico foi o
mesmo. Em parecer preliminar de 27 de novembro, o grupo, formado por quatro
cardiologistas do corpo de funcionários da Casa, disse que o então deputado não
era paciente de “cardiopatia grave”, argumento usado pela sua defesa no
requerimento apresentado em setembro.
“O paciente José Genoino não é portador de cadiopatia grave. Ele deverá
ser mantido em licença por mais 90 dias até nova avaliação”, afirmou o diretor
da Coordenação Médica (Comed) da Câmara, Jezreel Avelino da Silva.
No dia anterior, uma junta médica do Hospital Universitário de Brasília
(UnB) havia chegado às mesmas conclusões. Segundo cinco profissionais do HUB,
Genoino era portador de cardiopatia “que não se caracteriza como grave”.
O petista está preso domiciliarmente desde 25 de novembro de 2013.
Antes, passou uma semana no Centro de Internamento e Reeducação (CIR) e dois
dias na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF 1). O ex-deputado foi
condenado pelo STF a seis anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e
formação de quadrilha. No entanto, por ter apresentado um embargo infringente,
cumpre inicialmente quatro anos e oito meses.
Para não correr o risco de ter seu mandato cassado, como aconteceu com
Natan Donadon, outro ex-deputado preso na Papuda após ser condenado pelo STF,
Genoino renunciou ao mandato. A mesma medida foi tomada por outros ex-deputados
condenados no mensalão: Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e
Pedro Henry (PP-MT). Genoino está aposentado na Câmara por tempo de
contribuição. Recebe R$ 20 mil por mês. Mas, com a aposentadoria por invalidez,
passará a ter direito a receber integralmente os R$ 26,7 mil pagos atualmente
aos parlamentares que estão no exercício do mandato.
A reportagem procurou o advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, mas
não o localizou.