
RIO e ROMA (Itália) — Com a presença do Papa emérito, Bento
XVI, o Papa Francisco realizou, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o
primeiro consistório de seu pontificado na manhã deste sábado. A cerimônia, que
começou às 11h (7h, no horário de Brasília), consistiu na nomeação dos novos 19
cardeais da Igreja Católica, entre eles, o arcebispo do Rio, dom Orani
Tempesta, que recebeu o barrete e o anel cardinalícios das mãos de Francisco,
já vestido com a nova batina. O anúncio de que dom Orani, principal organizador
da Jornada Mundial da Juventude, seria um dos novos cardeais foi feito pelo
Papa durante a oração do Ângelus em 12 de janeiro.
A presença do Papa emérito
na celebração não era esperada e foi uma surpresa. Foi a primeira vez que ele
apareceu em um evento público desde que renunciou em fevereiro de 2013. Além de
Bento XVI, estava presente também a presidente Dilma Rousseff, vestida de preto
e sentada na primeira fileira dos convidados. Nesta sexta-feira, ela, foi
recebida por Francisco e o convidou a assistir aos jogos da Argentina na Copa.
Além do Brasil, países como Itália, Alemanha, Reino Unido, Nicarágua,
Canadá, Costa do Marfim, Argentina, Coreia do Sul, Chile, Burkina Faso,
Filipinas, Haiti, Espanha e Santa Lúcia passam a ter representantes entre os
cardeais. Dos 19 anunciados, 16 têm menos de 80 anos e poderão votar no
Conclave que elegerá o sucessor do atual Papa.Com os novos purpurados o Colégio
Cardinalício passa a ter 218 cardeais vindos de 68 países.
A cerimônia deste sábado foi marcada por cânticos e orações, na melhor
tradição da Igreja. Na homilia, o Papa Francisco comentou o Evangelho de
Marcos, sublinhando duas afirmações do texto: "Jesus caminhava à frente
deles" e "Jesus chamou-os". Após a homilia e o profundo silêncio
de recolhimento que se lhe seguiu, o Papa Francisco procedeu à leitura da
fórmula de criação e proclamou solenemente os nomes dos novos cardeais, para os
unir com "um vínculo mais estreito à Sé de Pedro".
Logo depois, seguiu-se a profissão de fé e o juramento dos novos
cardeais, de fidelidade e obediência a Francisco e seus sucessores, "agora
e para sempre". Um a um ajoelharam-se aos pés do Papa, para dele receberem
o barrete cardinalício, imposto "como sinal da dignidade do
cardinalato", significando que todos devem estar prontos a comportar-se
"com fortaleza, até à efusão do sangue", como refere-se o ritual. O
Papa, então, entregou aos novos cardeais o respectivo anel, para que se
"reforce o amor pela Igreja". Foi atribuído a cada cardeal uma igreja
de Roma, simbolizando a "participação na solicitude pastoral do Papa"
na cidade. Cada um recebeu ainda a bula de criação cardinalícia, momento selado
por um abraço de paz.
Além do anel, do barrete e da nova batina, dom Orani e os novos cardeais
já haviam recebido, na quinta-feira, uma nova cruz. Durante a cerimônia na
Basílica de São Pedro, os cardeais vestiram uma espécie de capa por cima da
batina, de cor púrpura. A cor representa o martírio pelo sangue — pois, como
cardeais, eles estão agora mais próximos do papa. Nesta sexta, perguntado pelo
GLOBO se sentia o peso de ser cardeal, dom Orani disse:
— É o peso da responsabilidade, porque é um grupo de 120 cardeais do
mundo inteiro (reunidos agora em Roma). Estamos perto do Santo Padre e sabemos
que o papa não só tem a responsabilidade na Igreja Católica como é líder
mundial também nas questões de paz, fome, justiça, refugiados. Peço a Deus que
me ajude para poder exercer bem essa missão.