O
Programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu na noite deste domingo (09) matéria
mostrando as péssimas condições de escola no município de Codó, no Maranhão. A
reportagem abordou o resultado do Programa Internacional de Avaliação de
Alunos (Pisa, na sigla em inglês), divulgado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Maranhão apresentou o 2º pior
desempenho entre os estados brasileiros.
A
nota geral alcançada pelo Maranhão no Pisa foi de 357, só superior à de Alagoas
– pior desempenho –, que teve 348.
Na
cidade administrada por um prefeito aliado do grupo político da governadora
Roseana Sarney, a escola de Codó apontada na reportagem não tinha piso, estava
sem água, energia, sem merenda, não tinha cozinha e apresentava estrutura
física precária.
A
cena mais vexatória retratada pela Globo foi quando os alunos maranhenses
tiveram que ir para o mato fazer necessidades fisiológicas devido à falta de
banheiro na escola. Um retrato fiel do atraso da educação no Maranhão
(apresenta os piores indicadores sociais do país), estado mais miserável e
pobre da federação comandado pelo grupo Sarney há cinco décadas. Por ser
praticamente o último em tudo, em matéria negativa o Maranhão está sempre
presente.
“Tem aluno que até cai da carteira, principalmente os menores,
da educação infantil”, disse uma moradora de Codó, no Maranhão. “Quando temos a necessidade de irmos para o
banheiro, nós vamos para o mato. Os alunos e a professora”, afirma a mulher.
A
escola municipal em Codó, no Maranhão, se chama Divina Providência e espera
providências há muito tempo.
O
Fantástico mostrou a situação de abandono.
Fantástico: Há
quanto tempo essa escola está assim? Do jeito que está assim hoje.
Deusdet Oliveira Matos
(comerciante): Está com mais de 15 anos.
O
Deusdet é um comerciante que construiu a escola há 50 anos e, do jeito que
pode, continua tomando conta dela.
Deusdet
Oliveira Matos: Quando está gotejando, eu vou, tiro a goteira. Agora, esse
ano eu ia fazer essa parede de tijolo, mas ainda não fiz.
Fantástico: O
que leva o senhor a cuidar dessa escola?
Deusdet Oliveira Matos: O
espírito de humanidade, para poder auxiliar os filhos dos moradores a não se
criarem analfabeto.
Em
Codó, no Maranhão, o André e o primo dele, o Eduardo, são vaqueiros de manhã.
De tarde, caminham 35 minutos até a escola.
“O
piso da escola não é adequado para o tipo de carteira, porque as carteiras,
como é você pode ver, é um cano. Então, elas afundam no chão. E aí tem aluno
que até cai. Aí chora, devido ao chão batido, que aqui não sabe se aqui é uma
subida, ou ali é uma descida. É um desnível total. Porque aqui era uma casa de
moradia. Era uma pessoa que morava aqui. Aí montou essa escola aqui para eles”,
conta Rosa Maria Pereira Cunha, professora em Codó, no Maranhão.
Rosa
Maria Pereira Cunha (professora em Codó, no Maranhão): Quando
chove, fica escuro.
Fantástico: Não
tem luz.
Rosa Maria Pereira Cunha: Tem
não. Não tem luz.
Como
beber água nessas condições? E como fazer a merenda?
“Para
beber água, a gente pega água com a dona da terra. Pega uma garrafa de água e
trago para cá, porque também está faltando filtro”, conta a professora Eliete
de Araújo Lobes.
“Geralmente
a merenda só aparece de maio a junho. Geralmente é nesse período que a merenda
aparece”, diz uma funcionária de uma escola na cidade de Codó, no Maranhão.
Maranhão
tem 2ª pior educação do Brasil
A
avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa) considerou o desempenho dos alunos em Matemática, Leitura e
Ciências, disciplinas em que o Maranhão obteve notas 343, 369 e 359,
respectivamente.
No
comparativo com os 65 países avaliados, as notas do Maranhão só são maiores do
que as do Quirguistão – último da lista –, que teve 331 em Matemática, 314 em
Leitura e 330 em Ciências (média 325).
Aplicado
em 65 países, o Pisa é um dos mais importantes testes internacionais para
comparar o nível educacional das várias regiões do globo. A prova é aplicada a
alunos na faixa dos 15 anos a cada triênio.