Seis
pessoas indiciadas por furto qualificado e formação de quadrilha, cumprimento
de quatro mandados de busca e apreensão, dois mandados por condução coercitiva,
descoberta de um prejuízo de R$ 200 mil reais aos cofres bancários da capital e
furto de milhas de companhias aéreas. Este foi o resultado da operação
“Intrujos” deflagrada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da
Superintendência da Polícia Federal no Maranhão.
Na tarde de ontem, o superintendente em exercício da PF, Nelson Kneip, em
companhia do delegado federal Sandro Jansen, concederam uma coletiva, na sede
da PF, na Cohama, onde contou para a imprensa a descoberta de uma quadrilha que
agia desde o ano de 2011, no Maranhão, e com integrantes em outros estados
brasileiros, inclusive, no Pará.
De acordo com Nelson Kneip, o trabalho investigativo começou a dois anos, no
Pará. Neste estado, a quadrilha praticava fraudes bancárias por meio do canal
de internet banking como ainda furtava milhas das companhias aéreas e revendia
por valores mais baixos.
Nesta época, uma parte da quadrilha foi presa e apreenderam alguns aparelhos
eletrônicos como notebook, celulares, computadores, dentre outros. Mas também,
no decorrer das investigações ficou comprovado que tinham integrantes deste
grupo morando em São Luís e fazendo novas vítimas. Pois, somente, aos cofres da
Caixa Econômica Federal, o prejuízo é em torno de R$ 200 mil.
Somente na manhã da última sexta-feira, de posse dos mandados em mãos, os 20
policiais da PF conduziram os indiciados até a sede da polícia. Eles vão
responder pelos crimes de furto qualificado, mediante fraude (artigo 155 do
Código Penal) e formação de quadrilha (artigo 288 do CP), podendo suas penas chegar
a 11 anos. Também aprenderam aparelhos eletrônicos que serão periciados. “O
trabalho investigativo ainda continua, pois, com certeza há outros integrantes
que ainda não foram descobertos e estão agindo dentro do Maranhão como em
outros estados. Neste estado é apenas um braço dessa quadrilha”, frisou Nelson
Kneip.
Ação dos criminosos
O delegado Sandro Jansen afirmou que todos os seis indiciados são jovens, de
classe média e provavelmente com formação superior devida a forma como são
conduzidas as ações criminosas. Utilizando computadores emitiam mensagens a
milhares de e-mails e, só assim, conseguem as senhas das vítimas.
De posse desta informação, os criminosos têm acesso a contas bancárias e fazem
inúmeras transações financeiras e até mesmo a compra e revenda de bilhetes de
passagens aéreas. Com o dinheiro furtado, eles fazem pagamentos, compram
crédito de celulares, imóveis e outros bens. “Na verdade, as pessoas não podem
abrir e-mails de origem desconhecidas, pois, são verdadeiras armadilhas. Isso é
uma porta de entrada para os criminosos”, alertou.
Combate ao crime
28,1 milhões de domicílios têm computador; 24,3 milhões de domicílios têm
acesso à Internet; 80,9 milhões de brasileiros são usuários de Internet; e
existem 37 milhões de contas Internet Banking. Em 2012, as transações feitas em
Internet Banking representaram 39% do total de transações do mercado, sendo
hoje o canal preferencial de uso.
A PF ainda informou que os crimes cibernéticos crescem em proporção diretamente
relacionada à evolução tecnológica e a inclusão digital. Os crimes mais
tradicionais são o furto em contas bancárias com Internet Banking, pornografia
infantil, crimes de ódio, crimes contra a honra, ameaça, venda de produtos
ilegais e outros.
Para agilizar o combate à criminalidade eletrônica, a polícia criou o projeto
Tentáculos e, mais recentemente, a Operação Oráculo. Antes do Projeto
Tentáculos, o modelo de atuação tradicional funcionava precariamente. Cada
notícia crime representava abertura de um novo inquérito policial. As
comunicações eram dispersas pelo país. As informações limitadas. Havia notória
impossibilidade de cruzamento de dados. A instauração de inquérito tinha que
ser feita no local da conta da vítima.
Os resultados alcançados nessa fase pré projeto Tentáculos: 22 operações
policiais deflagradas entre os anos de 2001 e2008. Foram realizadas 1044
prisões em diversos Estados como Pará, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo,
Maranhão, Ceará e Minas. Cerca de16 mil inquéritos foram abertos pela polícia
naquele período para apurar exclusivamente fraude eletrônica.