As mulheres com formação técnica são
maioria no mercado de trabalho, representam 55%, segundo a Relação Anual de
Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2013. Elas
chegaram a 2,9 milhões no mercado formal, que inclui indústria, construção,
comércio, serviços e agropecuária.
A participação, no entanto, varia com
a área, a maioria está no setor de serviços, com 2,5 milhões. Na indústria e
construção, são 238 mil e representam 25% do total de técnicos.
"Existem muitas barreiras, ainda
culturais ou preconceituosas, sobre algumas profissões. Tem-se a ideia de que
são trabalhos tipicamente masculinos, em função até da história da profissão de
base, de que tem que fazer muito esforço", diz o gerente de Estudos e
Prospectivas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra.
Ele ressalta, no entanto, que esse
cenário tem mudado e as mulheres chegam a ser maioria em setores como o de
eletroeletrônica, "onde existe nível de perfeccionismo no trabalho, de
concentração e detalhe. A mulher tem todas estas características e pode se
destacar cada vez mais a medida que vai acessando a qualificação".
Na Olimpíada do Conhecimento,
organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), as
mulheres provam que dão conta do recado e se destacam em áreas majoritariamente
masculinas. "As mulheres tem garra, força de vontade, estão se destacando",
diz a chefe de equipe de Minas Gerais, Natalia Trindade. "Elas têm muita
determinação. Precisam disso para se colocar em áreas predominantemente
masculinas".
Segundo Natalia, na área em que atua,
eletrônica, os salários são equiparados aos dos homens. "Elas, no entanto,
crescem mais rápido nas empresas. Pelo que acompanhamos, as mulheres recebem
promoções mais rápido do que os homens", diz a chefe de equipe.
Os números do mercado refletem nos da
olimpíada. As mulheres ainda são minoria nas competições, pouco mais de 20% dos
700 competidores. Mas, neste ano, chegaram a 161, 20 a mais que na última
edição.
Camila Araújo é a única mulher no
torneio de tornearia, ela é da equipe de Natália, e vem de Contagem (MG).
"Não existe preconceito, fazemos tudo que um homem faz. Existem recursos
que fazem com que não precisemos de usar tanto a força", diz a
profissional. Segundo ela, o único pré-requisito é a força de vontade: "Se
quiser, consegue qualquer coisa".
Cleidejane Santos escolheu soldagem.
Baiana, de Salvador, ela conta que na época que optou pelo curso, foi por
eliminação, descartou o que não gostava, mas não sabia do que se tratava. Hoje
é apaixonada pela profissão. Pretende seguir estudando, se especializando e
quer atuar no mercado. Um sonho é trabalhar em soldagem submarina em plataforma
de petróleo.
Para ela, ser mulher é vantagem.
"Geralmente somos mais detalhistas, mais dedicadas. A solda é
aparentemente algo grosseiro, mas alguns processos exigem delicadeza",
disse.
A Olimpíada do Conhecimento é a maior
competição de educação profissional das Américas. Ela ocorre a cada dois anos
pelo Senai. O evento que acontece em Belo Horizonte está na oitava edição.
Participam mais de 700 jovens.