A presidente Dilma Rousseff ocupa na noite desta segunda-feira 23
rede nacional de rádio e televisão para um pronunciamento à Nação. A oposição
já pode ir preparando as críticas, porque Dilma vai adotar um tom bastante
otimista sobre as realizações do governo. E ela tem o que dizer e, na prática,
com suas notícias positivas, vai fazer as vezes de uma típica Mamãe Noel.
Na semana passada, dados
oficiais do IBGE apontaram para a elevação, acima da inflação, em 3% na renda
dos trabalhadores. Por outro lado, começam a cair os volumes de endividamento
das famílias. As previsões apontam para uma taxa de inflação inferior a 6% em
2013, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Será o décimo ano
consecutivo em que isso acontece. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego em
novembro chegou a 4,6%, a menor desde 2002. Se quiser dizer que o Brasil vive
em regime de pleno emprego, tecnicamente Dilma poderá fazer essa afirmação.
Além da economia, a presidente
deverá centrar seu discurso eletrônico também no programa Mais Médicos. Atacado
pelas entidades médicas e lembrado, negativamente, nas retrospectivas de
veículos de destaque da mídia tradicional, como a revista Veja, o programa, na
avaliação do governo, é um sucesso de público. Com efeito, as manifestações de
comunidades dos municípios beneficiados pelo programa mostram que a aceitação
supera até mesmo os índices favoráveis apontados pelas pesquisas de opinião.
Dilma terá como conteúdo,
ainda, o sucesso do programa de concessões do governo federal no setor de
infraestrutura. Contra o ceticismo dos críticos, o governo conseguiu transferir
a construção e administração de estradas e aeroportos para a iniciativa privada
por dezenas de bilhões de reais.
O caso mais especial, sem
dúvida, não será deixado de lado: a concessão da exploração do campo de Libra,
do pré-sal, que proporcionou ao governo um bônus de R$ 15 bilhões já pagos pelo
consórcio vencedor composto pela holandesa Shell, a francesa Total, a
brasileira Petrobras e as chinesas CNPC e CNOOC.
No campo político-pessoal,
Dilma tem motivos para comemorar. Se sua popularidade ainda não voltou aos
patamares de antes das manifestações populares de junho, quando chegou a 65% de
aprovação para o seu governo, ela já se recuperou a ponto de voltar a ser
favorita para as eleições presidenciais de 2014. Com mais de 40% de intenções
de voto, ela soma mais pontos que todos os candidatos da oposição neste momento.
Os últimos pronunciamentos da
presidente têm despertado duras críticas dos partidos de oposição, que já viram
na ocupação das redes de rádio e televisão um gesto de pré-campanha eleitoral.
Não deve ser diferente agora. A posição de Dilma, porém, é bastante defensável.
Afinal, falar à Nação nas vésperas do Natal e da virada de ano pode ser visto
quase que como uma obrigação do cargo de presidente da República, no sentido de
prestar contas. E ninguém esperaria de um presidente a distribuição de más
notícias, não é mesmo?