Você sabe qual doença mata mais de
quatro mil pessoas todo ano de forma silenciosa e, no Maranhão, já vitimou 41
pessoas entre os anos de 2005 a 2010? O responsável por esses números é o
câncer de boca, um dos tipos que figuram na lista dos cânceres de maior
incidência no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Apesar dos dados alarmantes da última pesquisa feita em 2012, quando foram
registrados 14.170 novos casos entre homens e mulheres, o câncer de boca
continua sendo uma doença pouco conhecida entre os brasileiros. No Maranhão a
estimativa é de 205 novos casos por ano, segundo o Conselho Regional de
Odontologia do Maranhão (CROMA).
Segundo a cirurgiã Buco-maxilo-facial, Ingrid Sousa, os principais sintomas do
câncer bucal são silenciosos e indolores o que acaba sendo uma das doenças mais
perigosas na atualidade. Dentre os sinais encontrados no autoexame estão o
aparecimento de feridas na boca – que não doem e não cicatrizam em 15 dias;
ulcerações superficiais, manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios;
dificuldade de falar, mastigar ou engolir; e emagrecimento acentuado. Nos casos
mais avançados existe a presença de caroços no pescoço.
Para alertar a população sobre este mal, o CRO vai realizar uma campanha
preventiva e gratuita para detecção precoce do câncer bucal. A ação acontece na
Praça João Lisboa, Centro de São Luís, das 9h às 13h da manhã, com exames e
distribuição de kits de higiene bucal à população. Os exames serão realizados
por cirurgiões-dentistas voluntários e podem participar pessoas de todas as
idades. A ação acontece na Semana de Odontologia. “Os sinais e sintomas deste
tipo de câncer podem variar e serem muito silenciosos, por isso o autoexame e a
procura de um profissional pode ajudar neste diagnóstico precoce facilitando o
tratamento”, disse Ingrid.
A dentista também alertou que existem alguns fatores que podem aumentar o risco
de obter câncer bucal, entre eles o tabagismo, exposição solar, alcoolismo,
dieta pobre em vitaminas e sais minerais, má higienização bucal, genética,
imunodeficiência (mau funcionamento do sistema imunológico), portadores de HIV,
infecção por papiloma vírus humano (HPV) e o vírus Epstein-Barr (EBV). “O
câncer bucal é o sétimo tipo de câncer mais comum no Brasil e o tratamento
desta doença é terrível e muito agressivo, pois as vezes é necessário a remoção
do maxilar ou outras deformações da face do paciente. Queremos alertar a
população para esta realidade. Quem for diagnosticado com algum desses sintomas
será encaminhado para o Hospital Geral para ser submetido a outros
procedimentos que confirmem ou não a doença”.
O diagnóstico do câncer bucal precoce deve ser parte integrante tanto do exame
médico quanto do odontológico, pois a detecção precoce é fundamental. Os
cânceres menores que 1 centímetro de diâmetro geralmente podem ser facilmente
curados. Infelizmente, a maioria dos cânceres orais só é diagnosticada após ter
ocorrido a disseminação para os linfonodos da região mandibular e do pescoço.
Devido à detecção tardia, 25% dos cânceres bucais são fatais.
“A campanha tem o objetivo de
orientar a população e de mobilizar a odontologia nacional. Trata-se de um
esforço conjunto de diversas frentes odontológicas, como entidades, empresas,
cirurgiões-dentistas, em favor da promoção da saúde bucal, que ainda é uma
grande demanda da população. Temos testemunhado importantes avanços no acesso
ao cuidado odontológico, mas precisamos cuidar para que esses avanços cheguem a
todos os brasileiros, de maneira irrestrita”, defende o presidente do CRO-MA,
Marcos Pinheiro.
Além da campanha preventiva ao Câncer de Boca, palestras científicas também
estão na programação do CRO-MA pela Semana da Odontologia, que acontece de 12 a
16 de Abril. Os temas a serem discutidos são "Pacientes especiais em
âmbito clínico e hospitalar”; "Quando e como prescrever antibióticos em Odontologia";
"Biossegurança para TSB e ASB" e "Prontuário odontológico:
aspectos éticos e jurídicos".
Saiba mais
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 43% das mortes por câncer
são causadas pelo consumo de tabaco ou álcool, maus hábitos alimentares e de
estilo de vida e infecções. Os dados oficiais indicam que o câncer de boca é a
5ª sede anatômica mais frequente nos homens e a 7ª nas mulheres.
O câncer bucal ocorre mais frequentemente em homens, principalmente com mais de
40 anos de idade. Fumo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas são os
principais fatores de risco. A doença atinge os lábios e a cavidade bucal, nas
regiões da bochecha, gengiva, céu da boca, língua e assoalho da boca.
Além da gravidade da incidência do câncer bucal, o Brasil ainda sofre com uma
série de outros problemas bucais, como as cáries que atingem cerca de 56% das
crianças com 12 anos.
