São Luís amanheceu
sem ônibus nas ruas nesta teça-feira (27). Com a decisão de paralisação total
da frota, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Maranhão (Sttrema)
espera obter 16% de aumento salarial; reajuste do ticket-alimentação para R$
500; inclusão de um dependente no plano de saúde, além da implantação do plano
odontológico. Está previsto para 10h, um ato público da categoria na Praça
Deodoro. Os rodoviários iniciaram a paralisação na última quinta-feira (22).
Nas avenidas Carlos Cunha, Colares Moreira
e Holandeses, o movimento nas paradas de ônibus é pequeno. Muitos mototaxistas
aproveitam para faturar com a greve geral dos rodoviários. O motorista Romildo
de Oliveira mora no bairro da Cohab e trabalha na região do Maracanã. Ele conta
que esperou por mais de uma hora no ponto de ônibus e teve que ligar para um
amigo e pedir carona. "Com essa greve dos rodoviários, a gente não pode
fazer nada. Tive que ligar pra um amigo que passa por aqui. Não teve jeito",
disse.
De
acordo com o diretor do Sttrema, Davi Sousa, a paralisação geral é por tempo
indeterminado. "A previsão é de 100% em todas as garagens. O trabalhador
cansou. A gente não aguenta mais. A partir de hoje, a situação é essa que vocês
tão vendo. Estamos com boa adesão. Todo mundo está contribuindo até porque todo
mundo é prejudicado. O salário tá muito defasado. A classe patronal não chamou
pra conversar e a categoria decidiu."
Segundo Gilson
Coimbra, presidente do Sttrema, o último aumento salarial dado à categoria foi
em maio de 2013. "Recebemos 10,58% de aumento. Porém, há cinco anos não é
registrado aumento na passagem há, pelo menos, cinco anos. É uma defasagem
muito grande.", afirmou.
Na noite de segunda-feira (26), em entrevista ao G1, Gilson Coimbra, presidente do Sttrema garantiu que
todos os itens pedidos pela Justiça do Trabalho foram cumpridos e que a
paralisação total segue por tempo indeterminado. "Até o momento nós
cumprimos com todos os itens pedidos pela justiça do Trabalho. Com 70% da frota
nas ruas, não podemos nem considerar que há paralisação [greve]. Os empresários
nunca nos apresentaram uma contraproposta sequer e nós é que não podemos
permanecer nessa situação. É por tempo indeterminado", afirmou,
completando que a diretoria do Sindicato se reuniu na segunda-feira para traçar
novas estratégias para o movimento.
'Era nada e vai continuar nada', diz SET
O presidente do Sindicato das Empresas de
Transportes de Passageiros de São Luís (SET) Luís Cláudio Siqueira disse, na
segunda-feira (26), que os empresários não vão ceder à pressão do Sindicato dos
Trabalhadores Rodoviários do Maranhão (Sttrema).
"Escutei essa informação (que o
sindicato ameaçou parar 100% da rota na terça-feira). Ainda não tem nenhuma
reunião agendada, mas, veja bem, se o sindicato chamar os empresários para uma
reunião, não vai alterar, não vai mudar nada. Era nada e vai continuar nada.
Esperamos um posicionamento da Prefeitura de São Luís para saber como podemos
resolver essa situação", decretou Siqueira.
O presidente do SET José Luiz de Oliveira
Medeiros já havia dito, na semana passada, que os empresários não têm condições
de oferecer rejuste nos salários exigidos pela categoria. Segundo ele, desde o
fim de 2009, a cada mês os empresários acumulam um prejuízo superior a R$ 9
milhões. “Lamentavelmente ir para uma negociação sem condições de oferecer nada
é desgastante para as duas partes. Por isso é que não foi possível esse
entendimento”, declarou.
Multa de quase R$ 100 mil
O sindicato descumpriu a decisão do
Tribunal Regional do Trabalho no Maranhão (TRT-MA) somente nos dois primeiros
dias de greve. Na quinta-feira (22), segundo a Secretaria Municipal de Trânsito
e Transportes (SMTT) de São Luís, circularam apenas 46% da frota e, na
sexta-feira (23), 60%.
A determinação só passou a ser cumprida
após a desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo aplicar multa de R$ 96 mil à
instituição. No sábado (24), o percentual de 70% foi cumprido assim como no
domingo (25), quando 50% da frota foi colocada nas ruas.