As agressões domésticas entre
casais podem induzir os jovens que vivem nesses ambientes a comportamentos
violentos e machistas, segundo mostra a pesquisa Violência Contra a Mulher: o
Jovem está Ligado?, feita Instituto Data Popular, sob encomenda do Instituto
Avon. A pesquisa é parte das ações da campanha global da entidade "Fale
sem medo – não à violência doméstica", do movimento 16 Dias de Ativismo
contra a Violência de Gênero.
O
instituto ouviu mais de 2 mil jovens com idades entre 16 e 24 anos, nas cinco
regiões do país, sobre os temas relacionamento afetivo, relacionamentos
virtuais, sexualidade, Lei Maria da Penha e violência entre os casais.
Ao
serem questionadas, com base em uma lista de agressões apresentadas sobre algum
tipo de ataque sofrido, 66% das mulheres responderam positivamente. Já 55% dos
homens admitiram ter praticado alguma das ações mencionadas na sondagem –
xingar, empurrar, ameaçar, dar tapa, impedir de sair de casa, proibir de sair à
noite, não deixar usar determinada roupa, humilhar em público, dar um soco,
obrigar a ter relação sexual sem vontade e ameaçar com arma, entre outras.
Na
enquete entre os homens que vivenciaram a violência doméstica, 64% praticaram
algum tipo de agressão a alguma companheira. Dos jovens entrevistados, 43%
disseram já ter visto a mãe ser agredida pelo parceiro e 47% afirmaram que
interferiram em defesa da mãe.
O
levantamento abordou, principalmente, o comportamento manifestado em redes
sociais como o Facebook, ente outros meios digitais. “O ciúme em excesso, a
submissão e a necessidade de controlar o parceiro, inclusive sobre o que vestir
ou postar nas redes sociais, são características recorrentes em relacionamentos
entre jovens”, diz o relatório.
“O
mundo virtual em que eles vivem facilita muito o controle violento e as
pesquisas têm sempre como objetivo estimular o debate”, justificou Lírio
Cipriani, diretor executivo do Instituto Avon.
O
estudo mostrou a existência de uma falta de percepção sobre a conduta violenta.
Pelo menos 4% jovens do sexo masculino admitiram ter praticado alguma atitude
violenta contra a namorada ou a mulher ou, ainda, uma “ficante”, como definem
os jovens para se referir à companheira eventual. Quando sondadas, a proporção
de mulheres que declararam ter sido vítimas de agressão foi 8%.
Um
total de 37% das mulheres relatou ter tido relações sexuais sem camisinha por
insistência do parceiro. Outro dado aponta que pouco mais de um terço dos
jovens (35%) classificou como um ato violento o fato de impedir o parceiro de
sair à noite. Para 34% deles, controlar o companheiro por telefone ou impedir
de usar determinada roupa é uma forma de violência.
A
maioria dos entrevistados (76%), dos dois sexos, manifestou ser contra o
comportamento de mulheres que tenham vários "ficantes" ou
"casinhos" e 38% condenaram o comportamento da mulher que tem
relações sexuais com vários homens, concordando que ela “não é para
namorar”.
Entre
as mulheres, 68% declararam já ter levado uma cantada ofensiva, 44% já foram
tocadas ou assediadas por homens em baladas ou festas e 31% já foram molestadas
no transporte público.
De
acordo com o relatório, embora facilite o relacionamento, o avanço das redes
sociais também leva a um meio de maior controle dos casais, criando a cyber violência que vai da invasão da
privacidade ao compartilhamento de fotos sem autorização. Mais da metade das
mulheres entrevistadas (51%) declararam ter dado a senha do celular para o
parceiro e 46% compartilharam a senha do Facebook. Entre os comportamentos de
controle estão a exigência de exclusão de um amigo, apontada por 19%; o
impedimento de conversas, citada por 17%; e o recebimento de vídeos com imagens
de mulheres nuas, fato ocorrido com 32% das mulheres e 41% dos homens.