O governo federal vai criar um
serviço para receber denúncias sobre o crime de racismo, o Disque Igualdade
Racial. O anúncio foi feito hoje (20) pela ministra-chefe da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, durante
entrevista coletiva no Centro Aberto de Mídia, em Copacabana, zona sul do Rio.
As ligações poderão ser feitas para o
número 138 e todas as denúncias de racismo serão encaminhadas para a
notificação das autoridades responsáveis pela solução do caso. Luiza Bairros
disse que o serviço estará disponível nos próximos meses, mas não informou a
data exata.
A ministra disse ainda que o governo
está analisando com autoridades e setores da sociedade a criação de uma rede
institucional para atendimento às vítimas de racismo e para incentivo às
denúncias. A rede inclui, entre outros, o Ministério Público, a Defensoria
Pública e organizações da sociedade civil.
O ex-árbitro de futebol Márcio Chagas
da Silva, que foi vítima de racismo em março deste ano, durante um jogo do
campeonato gaúcho, também participou da entrevista. Ele disse que "quem
xinga não consegue dimensionar o quanto fere o ser humano".
Embora ainda não haja um balanço dos
dados, Luiza Bairros disse que nesta Copa, o racismo tem aparecido mais pela
internet. Para ela, a mudança é um reflexo da campanha “Copa Sem Racismo”,
lançada em maio pelo governo federal. Segundo a ministra, o registro de casos
de discriminação está aumentando porque este tipo de manifestação deixou de ser
considerada como natural. “A maior visibilidade desses casos é um indicador do
amadurecimento de nossa democracia”, disse.
A Seppir tem feito um trabalho com as
entidades ligadas ao futebol, aos árbitros e às torcidas organizadas para
prevenir e conscientizar sobre a discriminação racial. Nestas ações, o governo
destaca que o racismo é crime imprescritível e inafiançável no Brasil, com pena
de um a cinco anos de prisão e multa.
Desde 2011, a Ouvidoria Nacional da
Igualdade Racial recebeu 1.545 denúncias de racismo. Enquanto o Disque
Igualdade Racial não entra em funcionamento, a ministra lembrou que as
denúncias de discriminação, inclusive homofóbica, podem ser feitas pelo Disque
100.