Brasília
– Dezenas de pessoas estão sendo presas desde o início da manhã de hoje (6) no
estado do Maranhão pela Polícia Federal (PF). Os agentes desvendaram um esquema
montado por criminosos que invadiam o sistema de controle florestal mantido
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), conhecido como Sisdof, para obter documentos oficiais para
créditos, e facilitar o comércio de madeira extraída ilegalmente de terras
indígenas e unidades de conservação da região.
Dados
levantados pelo Ibama apontam que quase 500 mil metros cúbicos de madeira
serrada entraram no Maranhão e no Pará, apenas em 2013, a partir de certidões
“esquentadas”. O volume representa carga suficiente para encher 14 mil
caminhões de transporte deste tipo de material.
O
diretor de Fiscalização do órgão ambiental, Luciano Evaristo explicou que as
fraudes foram detectadas há um ano. “Monitorando as transações, a gente
percebeu um tráfego de crédito no sentido contrário ao normal. Estava vindo
crédito de fora do estado do Maranhão para o Maranhão e do Cerrado do Maranhão
para perto das áreas indígenas. E recebemos queixas de várias empresas que
tinham tido suas senhas roubadas”, explicou.
Para
conseguir o documento que funciona como uma espécie de licença, os criminosos
entravam no sistema do órgão ambiental e simulavam transações comerciais usando
a senha de empresas que têm autorização do governo para comercializar madeira
legal.
A
partir destas operações, os fraudadores criavam uma situação fictícia de venda,
passando o crédito de licença para uma empresa fantasma ou irregular que
extraiam madeira da Reserva Biológica do Gurupi e de terras indígenas situadas
entre os estados do Maranhão e Pará, como Awá, Caru, Alto Turiaçu e Alto Rio
Guamá.
Com os
resultados das investigações da Operação Nuvem Negra foram emitidos 50 mandatos
judiciais, sendo 21 de prisão preventiva de suspeitos. Evaristo disse que ainda
não é possível apontar quantas pessoas estavam envolvidas no esquema. As outras
ordens judiciais autorizam agentes da PF a fazer buscas e apreensões de
documentos, equipamentos e produtos madeireiros.
Os
policiais também receberam autorização para realizar sete conduções coercitivas
de algumas pessoas que serão levadas para prestar esclarecimentos à Justiça
sobre o esquema. A Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias e
suspendeu atividades econômicas de vários suspeitos.
O Ibama
bloqueou as atividades de mais de 200 empresas que seriam beneficiadas com este
esquema e retirou os “créditos” de madeira das contas destas madeireiras.
Madeireiros da região de Centro do Guilherme, Governador Nunes Freire e
Buriticupu, no Maranhão estão entre os suspeitos.
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