José Dirceu precisa
pedir autorização à Justiça para atualizar seu blog, Delúbio Soares tenta um
emprego na CUT e para isso precisa da gentileza dos magistrados. E José
Genoino; esse precisou provar, de forma involuntária até, que sofre mesmo de um
grave problema cardíaco. Tudo isso tem como cenário o presídio da Papuda, nos
arredores de Brasília.
A pouco mais de 200
km dali, em Goiânia, um condenado a 39 anos de cadeia não precisa de
autorização judicial para frequentar os melhores bares e restaurantes, reativar
sua vida de empresário e até mesmo costurar articulações políticas. Esse é
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Se a Justiça
Brasileira produz disparates como esse, Cachoeira não tem culpa e aproveita
para refazer a vida ao lado da mulher, Andressa Mendonça, com quem se casou com
pompa e circunstância logo após a breve estadia na Papuda. Enquanto isso, os
fundadores históricos do PT mofam nas celas do presídio brasiliense e clamam
por uma benevolência da Justiça para talvez cumprirem uma pena domiciliar ou
mesmo uma tarefa simples, como escrever texto num blog.
Carlinhos Cachoeira
conhece bem a Papuda. Ele ficou nove meses presos na penitenciária em 2012 e
agora o máximo que chega perto do complexo presidiário é quando vai a Anápolis
visitar familiares, frequentar igrejas e saber como andam seus negócios.
Nem tudo, porém,
foi alegria na vida do contraventor. Desde a eclosão da Operação Monte Carlo Cachoeira
perdeu a mãe. Não pode sequer velar seu corpo, pois estava trancafiado na
papuda. Meses depois foi a vez do pai, o folclórico Tião Cachoeira, um dos
pioneiros do jogo do bicho em Anápolis, ir-se embora, ceifado por um enfarte.
Diversificação
Reportagem do
jornal O Popular, de Goiânia, publicada em 23 de novembro, mostrou como está a
vida do ex-contraventor. Cachoeira agora atua no ramo imobiliário e, com seus
olhos de lince, mira investimentos em Goiânia, Anápolis e outras cidades do
interior. Em Goiás Cachoeira tem fama de Midas, onde tudo que toca, qualquer
negócio a que se dedique, prospera, vira ouro. A atuação profissional voltou a
ser prioridade após ele transformar seu cotidiano pessoal numa espécie de
reality show.
Ao sair da cadeia,
ele cumpriu a promessa que fez a Andressa ainda na Papuda. Os dois se casaram
na residência do casal, num condomínio de luxo na Capital, e a foto que rodou o
Brasil foi Cachoeira beijando os pés da esposa na frente de um batalhão de
fotógrafos. Cachoeira é frequentemente avistado na movimentada noite
goianiense, sempre presente nos melhores restaurantes da cidade. Até suas idas
ao cabeleireiro são razões para notícias de jornais.
O ex-amigo de
Demóstenes Torres também se fez flagrar num resort luxuoso na Bahia, no começo
deste ano. Bermuda florida de grife, óculos escuros e Andressa, de biquíni, ao
lado, exibindo os dotes que fizeram a musa do CPI que levou o nome do marido.
Trajes bem diferentes e liberdade de darem inveja aos petistas condenados.
Com a vida conjugal
ajeitada e a atuação empresarial retomada, Cachoeira estendeu seus tentáculos
no ambiente que lhe fulminou, na Operação Monte Carlo, a política. A esposa se
filiou ao PSL e os boatos – estrategicamente negados pelo próprio Cachoeira –
de uma possível candidatura de Andressa a deputada federal se espalharam.
O mandato que
Genoino renunciou na Câmara Federal é agora cobiçado por Cachoeira e esposa.
Nem mesmo Joaquim Barbosa sonharia com tamanha ironia. O jornal Tribuna do
Planalto, de Goiânia, divulgou no mês passado que Cachoeira comandaria um grupo
de três partidos (PMN, PSL e PT do B) e seu objetivo é fazer uma bancada forte
no Congresso em 2014. É articulação política de fazer inveja ao agora preso
ex-ministro José Dirceu.
Do portal 247
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