São
Paulo – Pelo menos 28 milhões de pessoas vivem no Brasil com um dependente
químico, mostra o Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos,
divulgado hoje (3) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisa
inédita mostra o impacto que a convivência com um parente usuário de drogas provoca
na experiência cotidiana das famílias.
Entre
os parentes entrevistados, as mulheres são a grande maioria (80%), sendo que
46% delas são as mães dos dependentes químicos. Mais da metade delas (66%) são
responsáveis pelo tratamento. Essas mães também são consideradas chefes da
família, fazendo com que, além da sobrecarga de cuidar do filho usuário de
drogas, cuidem dos outros membros da casa.
O
levantamento revela ainda que mais da metade (57,6%) das famílias têm outro
parente usuário de drogas. Os entrevistados, no entanto, avaliam que as más
companhias (46,8%) e a autoestima baixa (26,1%) foram os fatores de risco mais
relevantes que levaram ao uso.
O tempo
médio para a busca de ajuda após o conhecimento do uso de álcool e/ou outras
drogas é três anos. Entre os que usam cocaína e crack,
o tempo é menor, dois anos. E sobe para 7.3 anos, quando considerados apenas os
dependentes de álcool.
Mais de
um terço dos parentes (44%) disse que descobriu o uso dessas substâncias por
causa da mudança de comportamento. Apenas 15% relataram que a descoberta
ocorreu por ter visto o paciente fazendo uso dessas substâncias fora de casa.
O
impacto nas finanças é bem relevante. O estudo detectou que em 58% dos casos o
tratamento foi pago exclusivamente pela família. Cerca de 45% apontaram que o
pagamento do tratamento afetou drasticamente o orçamento familiar. Para 28,2%,
o tratamento influenciou pouco, enquanto 7% disseram ter sofrido muito pouco
impacto. Cerca de 19% disseram, por outro lado, que o tratamento não trouxe danos
às finanças da família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário