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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Morador: “vi a criança agonizando e a mãe correndo em chamas pela rua”

Em frente ao cruzamento onde um ônibus foi queimado há pouco menos de duas semanas, o rapaz olha para a poça de água – tão turva que mais se assemelha a lama – e crava: “foi dali que eu peguei líquido para apagar o fogo dos pneus do veículo.”
O nome dele é José Carlos Cardoso da Silva, 38 anos. Trabalha como segurança em um bar de São Luís, mora na Vila Sarney Filho e foi um dos primeiros a ajudar mãe e filhas queimadas na ação de criminosos que atacaram o ônibus na noite do último dia 3. Juliane Juliane Carvalho Santos, 22, e a filha Lorrane, de um ano e sete meses, estão internadas. A filha Ana Clara, de seis anos, não resistiu.
“Saí de casa e vi a criança quase agonizando e a mãe dela, correndo pelas ruas, pedindo socorro, com o corpo em chamas”, relatou.
Leia, abaixo, o depoimento de Silva ao Terra:
“Eu estava em casa naquele dia – era uma sexta-feira, perto das sete e meia da noite. Ouvi um barulho de ônibus freando e de repente gritos de ´Fogo! Fogo!’. Corri para checar o que era e vi o veículo em chamas.
Cheguei mais perto e vi a criança quase agonizando e a mãe dela, correndo pelas ruas, pedindo socorro, com o corpo em chamas. A gente não esquece nunca mais uma visão dessas, moça.
Resolvi ajudar pegando água numa poça formada ali no asfalto (num buraco aberto na rua) e comecei a jogar no pneu, já tinha gente cuidando das crianças. É muita violência. Mas acho que, se tivesse sido comigo, eu matava um a um que fez isso.

Sei que posso fazer o que for, que aqueles gritos ainda vão ecoar na minha cabeça por um bom tempo. Mas não vou mudar minha rotina por isso. Só tomo mais cuidado porque, desde então, sinto a todo momento que é como se eu estivesse sendo vigiado.”

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