O
Brasil tem hoje um deficit de 200 mil vagas no sistema penitenciário. Um
levantamento feito peloG1 com
os governos dos 26 estados e do Distrito Federal mostra que a população carcerária
atual é de 563.723 presos. Só há, no entanto, 363.520 mil vagas nas unidades
prisionais do país.
O número de presos é mais de quatro vezes o registrado
há 20 anos. Atualmente, há 280 detentos por 100 mil habitantes. Em 1993, a
proporção era de 85 para cada 100 mil.
Os dados obtidos pela reportagem são os mais atualizados
disponíveis, referentes ao fim de 2013 e ao início de 2014. O Ministério da
Justiça, por exemplo, só tem os relativos a 2012. Na comparação, é possível
constatar, em um ano, o aumento de quase 14 mil presos.
A
superpopulação carcerária é um dos motivos apontados para o caos no sistema
prisional doMaranhão. O
estado, que tem um deficit de 1,2 mil vagas, vive uma onda de ataques a ônibus
e delegacias após ordens que partiram de dentro do Complexo de Pedrinhas, em
São Luís, onde brigas de facções já provocaram mais de 60 mortes desde o ano
passado.
Nesta semana, a Justiça determinou que o governo do
Maranhão construa, no prazo de 60 dias, novos estabelecimentos prisionais em
conformidade com os padrões previstos nas normas jurídicas, sobretudo nas
cidades do interior do estado. A governadora Roseana Sarney prometeu criar 2,8
mil vagas no sistema carcerário do Maranhão e disse não ver necessidade de uma
intervenção federal.
São Paulo e o
maior deficit do país
O estado de São Paulo é o que possui o maior deficit carcerário do país. Com 206,9 mil presos e 123,4 mil vagas, há uma sobrecarga de 83,5 mil detentos. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do estado, o aumento da população nas prisões é resultado do combate ao crime feito pela "polícia que mais prende no Brasil".
O estado de São Paulo é o que possui o maior deficit carcerário do país. Com 206,9 mil presos e 123,4 mil vagas, há uma sobrecarga de 83,5 mil detentos. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do estado, o aumento da população nas prisões é resultado do combate ao crime feito pela "polícia que mais prende no Brasil".
A
SAP diz, ainda, que possui um plano de expansão dos presídios paulistas, mas
que muitos municípios têm dificultado a implantação das unidades. Leia mais.
Por causa de São Paulo, o
Sudeste concentra 55% do deficit prisional do país – faltam 110,1 mil vagas na
região. O Nordeste vem em segundo lugar, com 38,8 mil vagas a menos que o necessário,
seguida pelo Centro-Oeste (19,6 mil), pelo Norte (16,2 mil) e pelo Sul (15,3
mil).
Para tentar lidar com o "boom" de
presidiários, quase todos os estados brasileiros têm criado mais vagas nas
penitenciárias. Em um ano, foram implantadas 42,2 mil novos lugares, de acordo
com o levantamento feito pelo G1. Em apenas dois estados, o número
permaneceu o mesmo (Piauí e Roraima) e só em três houve diminuição (Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais e Pernambuco).
No Espírito Santo,
o governo diz que a expectativa é zerar o deficit de 1,8 mil vagas até dezembro
de 2014, com a construção de mais oito unidades prisionais e a criação de 2.892
novas vagas. O custo estimado dos projetos é de R$ 85,5 milhões.
Em Mato Grosso do Sul, que tem quase 6 mil presos a mais
que sua capacidade, estão em fase final de projeto três unidades penais em
Campo Grande. No interior, duas penitenciárias estão sendo ampliadas: a de
Brilhante a de Corumbá. Um estabelecimento penal de regime semiaberto em
Dourados também está em obras.
No Pará, segundo o último
relatório estatístico, com dados de 2013, há dez unidades prisionais em
construção. A estimativa do governo é que o estado termine 2014 com 3 mil novas
vagas. Com 11,6 mil detentos e 7,4 mil lugares nas prisões, o Pará tem um
deficit atual de 4,2 mil vagas no sistema penitenciário.
A maioria dos estados consultados também diz ter planos
de construir mais unidades prisionais. Para o coordenador nacional da Pastoral
Carcerária, padre Valdir João Silveira, esse não é o caminho.
"Nenhum estado que construiu mais presídios está
dando conta do deficit de vagas. O que é preciso que ocorra é o que está na
lei. Isto é, os presos que aguardam julgamento devem ser julgados no tempo
certo e os que estão no semiaberto não devem ficar no fechado. Hoje, 40% dos
detentos estão aguardando julgamento. A culpa não é só do Executivo, mas do
Judiciário, que tem a obrigação de fiscalizar e acompanhar o sistema prisional.
Se [a situação] está como está, é porque não foi feito esse trabalho",
analisa.
Além
disso, segundo Silveira, em muitos casos não é dada a devida possibilidade de
defesa aos detentos, o que faz inchar o número de pessoas nas prisões.
"Grande parte dos presos depende da Defensoria
Pública ou de advogados conveniados do Estado. E aí é fácil entender por que
tantos presos com pequenos delitos são condenados. Eles só conhecem seu
defensor na hora do julgamento em boa parte das vezes. É um absurdo. A
qualidade da defesa fica comprometida", aponta.
O coordenador da Pastoral diz que "o sistema
prisional nunca cumpriu o que está na lei, que é ressocializar" o
indivíduo.
"Para recuperar os presos, devia haver um grande
quadro técnico, com psicólogos, assistentes sociais, pedagogos. Isso não
existe. Basta ver também o índice de detentos que estudam ou trabalham. Hoje, a
pessoa é jogada no presídio e depois esquecem dela. E a superlotação faz com
que haja problemas em um lugar feito para determinado número de pessoas. Isso
porque o número de presos aumenta, mas não aumentam os funcionários. O material
de higiene e toda a demanda também não acompanham", destaca Silveira.
VEJA A LISTA
DOS NÚMEROS DE DETENTOS E VAGAS POR ESTADO (balanço mais recente divulgado por
estado)
Estado Detentos
Vagas
AC
4.379
2.381
AL 5.195 2.615
AP 2.436 1.138
AM 8.500 3.880
BA 11.470 8.347
CE 19.392 15.602
DF 12.422 6.719
ES 15.187 13.340
GO 17.000 13.000
MA 4.663 3.421
MT 10.121 6.038
MS 12.306 6.446
MG 49.431 31.487
PA 11.612 7.451
PB 9.040 5.600
PR 28.027 24.209
PE 29.967 10.500
PI 3.155 2.238
RJ 33.900 27.069
RN 6.700 4.200
RS 28.046 22.407
RO 7.840 4.928
RR 1.586 1.106
SC 17.200 11.300
SP 206.954 123.448
SE 4.300 2.500
TO 2.894 2.150
AL 5.195 2.615
AP 2.436 1.138
AM 8.500 3.880
BA 11.470 8.347
CE 19.392 15.602
DF 12.422 6.719
ES 15.187 13.340
GO 17.000 13.000
MA 4.663 3.421
MT 10.121 6.038
MS 12.306 6.446
MG 49.431 31.487
PA 11.612 7.451
PB 9.040 5.600
PR 28.027 24.209
PE 29.967 10.500
PI 3.155 2.238
RJ 33.900 27.069
RN 6.700 4.200
RS 28.046 22.407
RO 7.840 4.928
RR 1.586 1.106
SC 17.200 11.300
SP 206.954 123.448
SE 4.300 2.500
TO 2.894 2.150
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