No segundo domingo de outubro é
comemorado o Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa da América Latina
e uma das maiores procissões católicas do mundo. Hoje, durante a romaria, cerca
de 2 milhões de pessoas acompanharam a imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas
ruas de Belém, no Pará, de acordo com estimativa dos organizadores e da Polícia
Militar (PM) do estado.
Somado a isso, a Romaria da
Trasladação, que ocorre no sábado à noite, reuniu, segundo a PM, mais de 1
milhão de fiéis.
Os romeiros, como são chamado os
fiéis, do Brasil e do exterior, mas especialmente do interior do estado,
participam da procissão para pagar promessas, pedir graças e homenagear a
padroeira do Pará, considerada Rainha da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré.
Alguns fazem o percurso de joelhos, ou carregam maquetes de casas na cabeça
como forma de pedir sua casa própria.
O belenense José Xavier Júnior, de 38
anos, fazia todo os 3,6 quilômetros do percurso de joelhos para pedir que sua
mãe seja curada de um câncer de mama. “Eu vou até o fim. Enquanto minha mãe não
for curada, todos os anos farei o Círio de joelhos”, prometeu José.
Uma das particularidades da festa é a
corda que ajuda a puxar a berlinda onde fica a imagem da santa. Com 400 metros
de comprimento, os romeiros, descalços, disputam para conseguir puxá-la e, com
isso, pagar promessas. Washington Bentes, de 28 anos, disse que acumula muitas
promessas e que esta é a oitava vez que puxa a corda. “Faço mais promessa,
ocorre mais milagre e a gente está aí. É uma energia e pressão muito forte. Não
é para qualquer um, tem que ter um mínimo de preparo”, acrescenta o fiel.
Durante as mais de seis horas da
procissão, são muitos os romeiros que passam mal e precisam ser socorridos.
Para isso, milhares de voluntários, além do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu), do Corpo de Bombeiros e da Cruz Vermelha, ajudam as pessoas que
não aguentam o esforço e as retiram do meio da multidão.
Aposentado, 63 anos, José Carlos
Soares viveu 30 anos no Pará. Hoje mora em Belo Horizonte, mas sempre vem
prestigiar o Círio de Nazaré. “Isso aqui é um movimento muito forte, de um
povo, em torno de uma santa, que é símbolo deles aqui no Pará”. Apesar de não
ser religioso, José Carlos gosta do Círio. “É tradicional juntar a família e
comer um prato típico. Pode ser um pato no tucupi, uma maniçoba, um peixe ao
leite de coco. Já estamos falando sobre o almoço que vamos ter quando
terminar”, ressalta o aposentado.
O Círio de Nazaré está completando
222 anos. Tudo começou em 1792, quando um caboclo chamado Plácido encontrou a
imagem da Nossa Senhora de Nazaré às margens de um igarapé. Ao levar a santa para
casa, a imagem teria regressado sozinha ao mesmo igarapé, fato ocorrido por
vários dias seguidos. Neste ano, o Círio recebeu o Título de Patrimônio
Imaterial da Humanidade, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco).
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