A
segunda-feira terminou mais tarde para a presidenciável do PSB, Marina Silva.
Após o debate realizado pelo SBT, pelo jornal Folha de S. Paulo, pela rádio
Jovem Pan e pelo portal Uol, a candidata concedeu entrevista ao Jornal da
Globo.
Logo no início da entrevista, a pessebista foi questionada sobre
as alterações no seu programa de governo menos de 24 horas após o lançamento,
entre elas um recuo em relação a algumas reivindicações do movimento LGBT, e se
esse comportamento correspondia a uma concessão à religião num estado laico.
Marina explicou que houve um erro de processo e que a equipe do
programa de governo foi responsável pela correção. "Eu nem interferi nesse
processo. Aconteceram duas falhas", explicou a candidata do PSB, citando o
trecho do plano que sinalizava que o governo de Marina ampliaria a participação
da energia nuclear na matriz energética do Brasil.
A outra falha apontada pela presidenciável foi que "o
documento que foi encaminhado como contribuição pelo movimento LGBT, não foi
considerado documento da mediação do debate, foi um documento tal qual eles
enviaram", reforçando que foi feita uma correção, porque houve uma
mediação no debate. "Os direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à
sua liberdade individual, o combate ao preconceito, isso está muito bem escrito
no nosso programa, melhor do que dos outros candidatos", completou.
Pressionada sobre sua posição em relação ao casamento gay,
Marina voltou a dizer que respeita a liberdade das pessoas, independente da
condição social, de raça ou de orientação sexual. Ela acrescentou que o seu
programa de governo defende a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas não
o casamento.
Bíblia: fonte de inspiração
Indagada sobre as especulações de que recorreria à Bíblia em
momentos cruciais e se isso poderia intervir em suas decisões como governante,
Marina explicou que todos agem com a avaliação realista dos fatos, mas defendeu
que todos têm uma subjetividade.
"Uma pessoa que crê, obviamente que tem na Bíblia uma
referência, assim como tem na referência a arte, a literatura", disse a
ex-senadora, acrescentando que as pessoas estão tentando atribuir à ela uma
imagem de fundamentalista.
"A Bíblia é uma fonte de inspiração pra qualquer pessoa que
é cristã ou que é um judeu, mas existem outras fontes de inspiração, às quais
eu já me referi. As decisões são tomadas com base racional pra todas as
pessoas", afirmou a candidata do PSB.
Crise política
Questionada sobre a crise da democracia representativa citada em
seu programa de governo, a presidenciável sinalizou que tem criticado a crise
política e que as pessoas não deveriam fazer vistas grossas para o que está
acontecendo. "A gente precisa aprofundar a nossa democracia. É preciso
ampliar a participação das pessoas, ao mesmo tempo melhorar a qualidade da
representação e das nossas instituições", relatou a pessebista.
Durante a entrevista, Marina disse ainda que pretende
aperfeiçoar a democracia, democratizá-la, combinando a participação correta e
legítima dos cidadãos assegurada pela Constituição. "Nós somos eleitos
para representar, não é para substituir o representado", resumiu.
Economia em 2015
No segundo bloco de perguntas, a pessebista foi questionada
sobre como conduziria a economia brasileira no ano que vem, caso sua vitória
fosse confirmada nas urnas. Marina foi contundente ao dizer que é preciso
recuperar o tripé da política macroeconômica do país.
"A presidente Dilma ganhou o governo dizendo que ia fazer a
baixa dos juros, que iria reduzir a inflação e que iria fazer o nosso país
crescer. O nosso país não está crescendo, a inflação está aumentando e os juros
estão subindo. É fundamental que o país tenha estabilidade econômica para que a
gente não perda as conquistas que já alcançamos, inclusive as conquistas
sociais, e que a gente possa aumentar o investimento. E, para aumentar
investimento, é fundamental que se readquira confiança", explicou.
A candidata do PSB ao Planalto reiterou o compromisso de não
aumentar os impostos e que pretende dar eficiência ao gasto público. "Tem
muitos desperdícios, inclusive o desperdício da corrupção, e quando o país
volta a crescer, a gente vai conseguindo o espaço fiscal para poder fazer os
investimentos sociais", disse Marina.
Pré-sal é uma das prioridades
A ambientalista explicou ainda que assim como educação e saúde,
o pré-Sal também é uma de suas prioridades e reforçou quer dar um passo à
frente em sua gestão. "Vamos investir em energia limpa com o uso da
biomassa, o uso do vento, o uso do sol", pontuou a pessebista. "O
petróleo é uma necessidade do planeta. Ainda não se conseguiu a fonte de
geração de energia que vai substituir esse combustível fóssil",
complementou.
Além disso, Marina foi questionada sobre quando aumentaria o preço
da gasolina para salvar o etanol, do qual é uma entusiasta declarada. A
candidata do PSB não poupou críticas ao governo em sua resposta. "Essa
política desastrosa do governo, que está subsidiando gasolina, inclusive
fazendo a importação desse combustível com um preço elevado, acabou destruindo
a indústria do etanol", defendeu a presidenciável. "Espero que os
preços administrados pelo governo possam ser corrigidos pelo próprio governo e
criarmos os mecanismos", acrescentou.
Coordenador do programa LGBT deixa o PSB
247 - O
recuo da campanha de Marina Silva nas propostas à comunidade gay provocou a
perda do apoio de Luciano Freitas, secretário nacional do comitê LGBT do PSB.
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