O deputado Beto Albuquerque
(PSB/RS), vice na chapa de Marina Silva, encontrou uma saída retórica para
tentar justificar o recuo de Marina Silva no apoio aos direitos civis dos
homossexuais, depois que a candidata recebeu um pito do pastor evangélico Silas
Malafaia (leia mais aqui).
De acordo com Beto, uma campanha presidencial não pode assumir
bandeiras que dependem do Congresso Nacional.
"O equívoco foi uma campanha presidencial assumir
compromissos com projetos de lei no Congresso, o que é uma invasão de
competência. Então, não há recuo nos nossos compromissos com o movimento LGBT,
com a defesa dos direitos civis desses companheiros que, como todos os
brasileiros, têm direitos assegurados. O exagero e o desafino da nossa
coordenação foi estabelecer compromisso com aquilo que só o parlamento pode
fazer, seja por projeto de lei ou emenda constitucional. Isso não é atribuição
do Executivo", afirmou.
A lógica de Beto Albuquerque não se sustenta por razões óbvias.
Praticamente 99% do que prometem os candidatos depende de articulação com o
Congresso Nacional. Aliás, se o argumento fosse válido, nenhum candidato
poderia tocar em temas como reforma tributária, reforma política e assim por
diante.
Além disso, a própria Marina Silva teria de retirar de seu
programa outros temas que dependem do Congresso, como a promessa de
institucionalizar como lei o Bolsa-Família.
O vice de Marina afirmou que a candidata, que disputa a
presidência sem uma coligação e sem base parlamentar, irá governar "com a
força das ruas". Logo depois, caiu em contradição, ao prometer outras
iniciativas que também dependem do Congresso.
"As urnas, quando te dão essa força, permitem que você
estabeleça uma relação política na largada. Ou seja, não vamos propor reforma
tributária, reforma política, no terceiro ano. Vamos propor nos primeiros meses
do primeiro ano de governo, para que esse lastro da sociedade, que está vindo
conosco, permita uma negociação diferente na Câmara e no Senado. Nós vamos
construir essa maioria, mas sem cacifar as velhas raposas", afirmou. "Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas
dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças
necessárias ao país."
Nenhum comentário:
Postar um comentário