O
detento Marcos Paulo Ramos Sales, de 29 anos, foi morto por estrangulamento por
outros presos, na noite de ontem (27), após uma briga na cela 5 do Centro de
Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís do Maranhão. Foi o
19º caso de preso assassinado neste ano – 12 só em Pedrinhas – no sistema
prisional maranhense, que vive uma séria crise desde o fim de 2013, ano em que
60 detentos foram mortos em prisões do estado, segundo o Conselho Nacional de
Justiça. Ao menos quatro deles foram decapitados.
A Secretaria Estadual de Justiça e Administração Penitenciária
(Sejap) confirmou a morte de Marcos Paulo, e esclareceu que ele havia sido
transferido do 1º Distrito Policial (Beira-Mar) para o Centro de Triagem ontem
mesmo. Ele estava na cela com outros nove presos e respondia por assalto.
O delegado Jeffrey Furtado, que investiga o assassinato, apura
se o motivo da briga seria uma dívida de R$ 250 que Marcos Paulo teria com
traficantes do Bairro de Fátima (bairro da área central de São Luís) e, que
acabaram ficando na mesma cela ocupada pela vítima.
Os últimos seis dias foram marcados por tumultos e duas mortes
nas cadeias do Maranhão.
Na madrugada de sábado (23), um detento – identificado como
Aleandro da Conceição Sousa, conhecido como “Pequeno” – foi morto e outros seis
ficaram feridos durante um motim na unidade Prisional de Ressocialização (UPR)
de Pedreiras (a 273 km de São Luís).
De acordo com nota da Sejap, na noite de sexta-feira (22), dois
detentos teriam simulado um mal-estar, sendo levados a um hospital. “Na volta,
já na madrugada de sábado, ao serem reconduzidos às celas, os presos avançaram
sobre policiais e monitores”, diz a nota.
A secretaria informou que somente o uso de balas de borracha não
foi suficiente para que os policiais militares contivessem os presos e que os
PMs tiveram de usar armas de fogo, atingindo “Pequeno” mortalmente.
Ainda no sábado, terminou em tumulto o horário de visitas de
familiares de detentos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Na quarta (27)
também houve confusão envolvendo monitores e policiais, de um lado, e parentes
de presos, de outro.
A Sejap confirmou os “princípios de tumulto”, e informou apenas
teriam sido contidos por homens do Grupo Especial de Operações Penitenciárias
(Geop) e da Polícia Militar, mas não informou o que motivou as confusões nem se
alguém ficou ferido.
A maior reclamação dos
familiares de detentos é o excesso de rigor nas revistas, segundo apurou o Jornal Pequeno.
MEDIDAS – Para combater a crise no sistema
prisional maranhense, a governadora Roseana Sarney (PMDB) – que chegou a dizer,
em janeiro, diante do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que o
crescimento da violência no Maranhão ocorria “porque o estado está mais rico” –
tomou uma série de medidas que, ao menos por enquanto, não surtiram efeito. Os
assassinatos de presos, os motins e as fugas (e tentativas) continuam.
Um mutirão carcerário foi realizado e foi feita a promessa de
construção de novos presídios no estado – um deles, de segurança máxima em São
Luís –, mas as obras ainda não foram concluídas.
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