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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Excesso provoca ineficácia dos antibióticos no mundo

“Existe o perigo de que um homem ignorante possa facilmente se aplicar uma dose insuficiente de antibiótico, e, ao expor os micróbios a uma quantidade não letal do medicamento, os torne resistentes.” Aquela profecia feita por Alexander Fleming em 1945, no seu discurso ao receber o Prêmio Nobel pela descoberta da penicilina (não o seu primeiro antibiótico, porém o mais famoso), cumpriu-se. Não é que tenha havido um homem ignorante. Foram milhões de homens e mulheres que desde então, ao se submedicarem quando tinham uma infecção, facilitaram que bactérias e outros micro-organismos adquirissem resistência.
E a corrida evolutiva (bactérias que mudam para sobreviver ao antibiótico, contra seres humanos que desenvolvem novos fármacos para atuar contra os agentes patogênicos modificados) chegou a um ponto que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a um estado de alerta. O aviso é claro: “Se não tomarmos medidas importantes para melhorar a prevenção das infecções e não alterarmos nossa forma de produzir, prescrever e utilizar os antibióticos, o mundo sofrerá uma perda progressiva desses bens de saúde pública mundial, com repercussões que serão devastadoras”, declarou Keiji Fukuda, subdiretor geral da OMS para Segurança Sanitária.
“Os dados são muito preocupantes e demonstram a existência de resistência aos antibióticos, especialmente os utilizados como último recurso, em todas as regiões do mundo”, afirma a OMS.
O problema da resistência não é novo, mas a OMS tentou, pela primeira vez, estimar cifras. Para isso, pediu aos 194 países da organização que enviassem os dados mais recentes a seu dispor. E aí surgiu o primeiro problema: só 114 possuíam informação a respeito de alguma das sete bactérias sobre as quais foram consultados, e não há nada pior para tratar de um problema do que desconhecer sua gravidade.

Nem sequer a Espanha ofereceu dados sobre todos, mas há uma lógica: uma das bactérias sobre as quais se perguntava, a Shigella, surge em águas contaminadas. Mesmo assim, são muitos, e a conclusão é clara: as formas mais resistentes – o que em medicina poderíamos definir como as piores–já estão no mundo todo. Do El País

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