O Ministério Público apreendeu soda cáustica no posto de
resfriamento investigado por adulteração de leite em Condor, no Noroeste do Rio Grande do Sul.
O produto foi recolhido na manhã desta sexta-feira (14), na quarta fase da
Operação Leite Compensado, que investiga fraudes no produto. O dono do posto
foi preso. Segundo o MP, 300 mil litros de leite adulterado foram enviados a
Guaratinguetá, em São Paulo, e Lobato, no Paraná, e colocados no mercado.
É a quarta operação em 10 meses que flagra
o esquema no Rio Grande do Sul. O MP relatou ainda flagrantes do transporte de
leite no interior do estado, que ocorria de forma irregular e sem higiene. O
produto era removido das pequenas propriedades rurais em um caminhão. Em um
posto de combustíveis de Entre-Ijuís, transportadores retiravam o leite para
transferir a outro veículo maior. Entretanto, o trabalho era feito sem
condições de higiene e com equipamentos sujos.
Responsável pela investigação, o promotor Mauro
Rockebach alertou para os perigos do consumo do produto. “O perigo é da
comunidade, da sociedade, não é da indústria. Tamanha a desfaçatez com a saúde
da população. Está sendo avisada a indústria que o leite está com uma
substância cancerígena, ela omite a informação, manda para consumo, se nega a
retirar da oferta”, afirmou o promotor durante entrevista coletiva.
Segundo o MP, o produto adulterado foi
distribuído para a fábrica das marcas Parmalat, em SP, e Líder, no PR. Os lotes
do produto não foram divulgados, mas os consumidores podem observar as datas de
fabricação das duas marcas: 13 e 14 de fevereiro, para leite longa vida.
Procurada pelo G1, a assessoria da Líder informou que está apurando a
denúncia. A Parmalat foi procurada, mas ainda não se manifestou.
O dono do posto de resfriamento começou a ser
investigado há um mês, quando foram coletadas 53 amostras de leite cru
armazenadas no posto de resfriamento. Documentos repassados pelo Ministério da
Agricultura constataram que 12 amostras apresentaram a presença de formaldeídos
(formol).
Em fevereiro, as empresas Campezina e LBR
foram notificadas pelo MP, Ministério da Agricultura, após análises em
laboratórios. A Campezina atendeu ao pedido e não comercializou os produtos. Já
a LBR, que responde pelas marcas Parmalat e Líder, enviou o leite adulterado
para o mercado.
Além de Condor, a operação é realizada nas
cidades de Ijuí, Santiago, Santo Augusto, São Luiz Gonzaga, Santo Ângelo,
Panambi e Tupanciretã, na Região Noroeste e nas Missões, onde são cumpridos
mandados de busca e apreensão e de prisão. Promotores também fiscalizaram um
posto de combustíveis de Entre-Ijuís onde transportadores faziam a troca do
produto de um caminhão para outro, sem condições de higiene. A ação tem apoio
da Polícia Civil e Brigada Militar.
Operação foi desencadeada em 2013
Em maio do ano passado, o órgão desencadeou a primeira edição da Leite Compensado. As investigações revelaram um esquema que adulterou mais de 100 milhões de litros do produto. O MP descobriu que transportadores estavam adicionando água e ureia, substância usada para disfarçar a perda nutricional e que contém formol em sua composição, ao leite cru, no caminho entre a propriedade rural e a indústria. Com isso, conseguiam aumentar os lucros em até 10%.
Em maio do ano passado, o órgão desencadeou a primeira edição da Leite Compensado. As investigações revelaram um esquema que adulterou mais de 100 milhões de litros do produto. O MP descobriu que transportadores estavam adicionando água e ureia, substância usada para disfarçar a perda nutricional e que contém formol em sua composição, ao leite cru, no caminho entre a propriedade rural e a indústria. Com isso, conseguiam aumentar os lucros em até 10%.
Embora a Justiça tenha condenado seis
pessoas em dezembro de 2013, a adulteração de leite continuou no estado. Desde
o ano passado, foram descobertos três núcleos de adulteradores de leite, em
seis municípios gaúchos: Ibirubá, Ronda Alta, Boa Vista do Buricá, Horizontina,
Guaporé e Três de Maio.
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