Trizidela do
Vale, MA - “Se subir mais 20 centímetros, muitas famílias
vão ficar desabrigadas novamente”. O desabafo é de Fred Maia, prefeito da
cidade de Trizidela do Vale, que fica a 283 quilômetros de São Luís. Tanta
preocupação se justifica, pois com a chegada do período chuvoso o município
volta a sofrer com ruas e casas alagadas trazendo à memória marcas da maior
enchente já registrada naquela região – foram mais de três mil famílias
desabrigadas na ocasião.
Segundo o coordenador da Defesa Civil
de Trizidela, Otoni de Sousa, o nível do rio chegou à média máxima de 5,95
metros. Acima desta marca é considerado anormal e por isso o monitoramento
intensificado. O aumento repentino no nível do rio foi causado pela forte chuva
que atingiu o município Barra do Corda. “O nível máximo de volume que o rio
pode chegar é esse. Se chover mais um pouco e o volume de água subir pelo menos
20 centímetros vários bairros e povoados da cidade ficaram submersos”, alertou
ele que ainda garantiu estar de prontidão caso haja uma nova calamidade na
cidade.
Desde a madrugada do último sábado, alguns moradores da área mais baixa do
município, ficaram ilhadas ou tiveram que deixar suas casas por causa da cheia
do rio Mearim como, por exemplo, na Rua Beira Rio, no bairro da Baixinha, no
balneário Major Lucena, onde a reportagem de O Imparcial encontrou a doméstica
Luiza Carlos de Sousa Loiola, ex-mulher de João do Vale, que precisou deixar a
casa pelo fato da mesma estar em risco.
Dona Luiza disse lembrar apenas de
três ocasiões em que a cidade não ficou alagada no período de chuvas. “Moro há
20 anos aqui e nesse tempo todo lembro que em apenas três anos não alagou. Já
estou acostumada com isso Agora não posso ficar lá aí venho para o comércio que
tenho. Quando alaga aqui também vou para casa de parentes. O sofrimento dura
mais ou menos três meses”, comentou.
O lavrador Antônio Cosme da Silva, de 57 anos, mora há 18 anos na cidade, nove deles no bairro Ilha do Amor, nome dado à localidade devido a sua facilidade de isolamento. A vida para ele é muito complicada. Para comprar mantimentos, trabalhar ou realizar qualquer atividade do cotidiano, precisa andar de canoa para atravessar a área alagada. “Tudo aqui tem que ser pela canoa. Para vir para este lado fazer alguma coisa e voltar para casa temos que usar. Não tem jeito. O rio encheu e a gente fica ilhado”, revelou.
Ele disse não viver com medo de perder a casa ou perder a família em algum desastre natural como os que ocorreram em 2009 e 2011. As águas do rio Mearim subiram em poucas horas, de acordo com o morador. “Tenho medo não. Se tornou uma coisa muito comum para quem vive aqui. O rio sobe devagar então não dá para pegar de surpresa não” comentou.
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