Uma gestão de poucos conflitos e gastos altos em publicidade
rendeu a Omar Aziz (PSD-AM) o posto de governador mais popular do país.
Pesquisa CNI/Ibope divulgada neste mês mostrou que 74% dos amazonenses consideram o seu governo ótimo ou bom.
Aziz também lidera em confiança do público: 75%.
Ficou à frente de colegas como o presidenciável Eduardo Campos
(PSB-PE), segundo mais bem avaliado com 58% de ótimo/bom, e o tucano Geraldo
Alckmin (PSDB-SP), que, com 31%, é o 14º.
Se nos bastidores o resultado foi uma surpresa para o próprio
governo –que classificou o levantamento como um "presente de Natal"–,
analistas e políticos locais acreditam ter a receita dessa popularidade.
Para o antropólogo Ademir Ramos, que integra o núcleo de cultura
política da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Aziz colhe os frutos dos
investimentos que fez em publicidade.
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A gestão gastou, por exemplo, R$ 82 milhões em propaganda em 2012
(valor inclui pessoal da pasta e é quase o dobro gasto no vizinho Pará, de
economia de porte semelhante). Supera os investimentos em apoio à pesquisa (R$
70,5 milhões) ou em órgão ambiental (R$ 22,2 milhões).
As inserções, produções de alta qualidade, costumam ocupar horário
nobre. "O Estado é muito grande, e rádio e TV são os principais canais com
a população", justifica a secretária de Comunicação de Aziz, Lúcia Gama.
Entre os temas da publicidade, há áreas em que o governo ainda patina, como
segurança (homicídios dolosos avançaram 10% desde 2010), e obras por fazer, como
a cidade universitária.
"O governo tem usado propaganda como meio de campanha
antecipada: o que tem feito e o que ainda será", avalia Tiago Jacaúna,
professor de ciências sociais na Ufam. Quem também trabalha pela imagem do
governo é a primeira-dama Nejmi Aziz, presidente do PSD local. Presença
constante em ações assistenciais e em colunas sociais, ela mantém uma equipe só
para redes sociais.
PERFIL
O perfil mais conciliador rende dividendos políticos ao
governador, que era vice, assumiu em 2010 após a renúncia do hoje senador
Eduardo Braga (PMDB) e foi reeleito em primeiro turno. "Ele tem carisma. É
um homem de poucos atritos", reconhece o deputado estadual Marcelo Ramos
(PSB), opositor ferrenho de Aziz.
A boa costura política se reflete no cenário da sucessão –o
governador é próximo dos três pré-candidatos mais fortes: o antecessor Braga, o
atual vice, José Melo (Pros), e a deputada federal Rebecca Garcia (PP).
"Aziz não tem escândalo na gestão e deverá ser o fiel da
balança na eleição", diz o líder do governo no Legislativo, Sinésio Campos
(PT). Filho de pai palestino e mãe brasileira, Aziz, 55, nasceu em Garça (SP).
Morou no Peru na infância e mudou-se, ainda adolescente, com a família para
Manaus, em 1971.
Formou-se engenheiro civil e entrou na política em 1987 pelas mãos
do ex-governador Amazonino Mendes (PDT), que o indicou para uma fundação. A sua
carreira incluiu cargos como vereador, deputado estadual, vice-prefeito de
Manaus e secretário de Segurança do Amazonas. Para Ramos, da Ufam, o governador
ainda busca uma identidade para a sua gestão. Outro desafio é deixar para trás
a sombra de Eduardo Braga, hoje líder do governo no Senado, e polêmicas do
passado.
Em 2004, já como vice-governador, Aziz foi investigado em CPI no
Congresso por suspeita de ter feito programa com uma menina de 15 anos no ano
anterior. Teve o nome retirado do relatório final em votação apertada: 8 a 7.
Aziz nega as suspeitas. Eleito pelo PMN, o governador se filiou ao PSD em abril
de 2011, convencido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, e ganhou a presidência da
legenda no Amazonas.
do uol notícia
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