O Superior Tribunal de Justiça Desportiva decidiu: a Portuguesa
vai jogar a Série B em 2014. Por unanimidade de votos, o tribunal condenou o
clube paulista por ter colocado um jogador suspenso na partida da última rodada
do Brasileiro, por pouco mais de dez minutos. Com a punição, perda de quatro
pontos, a Lusa vai para o Z-4, com 44 pontos, e salva o Fluminense do
rebaixamento.
O advogado do time
paulista tentou mudar a denúncia para outro artigo no Código Brasileiro de
Justiça Desportiva, para minimizar a pena, mas não conseguiu. Da decisão, ainda
cabe recurso para ser julgado em segunda instância.
O julgamento durou cera de
xxxx minutos, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de dezenas de
torcedores na porta do prédio da justiça desportiva, como se fosse, de fato, a
última rodada da competição. A PM teve de reforçar o policiamento no local.
Por volta das 17 horas, o
relator do processo, Felipe Bevilacqua, deu início ao julgamento, lendo o
relato do caso. Vale lembrar que o time foi enquadrado no artigo 214 do CBJD -
"Incluir na equipe, ou fazer constar na súmula ou documento equivalente,
atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou
equivalente".
O segundo a falar foi o
ainda diretor jurídico da Portuguesa, Waldir Rocha, que foi convidado a depor.
Ele afirmou que não foi comunicado pelo advogado do clube no caso, Oswaldo
Sestário, e disse que o sistema da CBF não avisou que o meia Héverton estava
suspenso.
"Não houve equívoco
por parte dos profissionais da Portuguesa. Tínhamos uma dinâmica com o advogado
que, quando não houvesse comunicação, era só uma partida. Quando vi no site da
CBF, na quarta, tomei susto e formou-se essa balbúrdia", afirmou.
"No site da CBF, há
uma espécie de Boletim de suspensões. Não tinha nada. Na sexta-feira, tentei
falar com o Sestário e não consegui", completou.
Depois, foi a vez do
presidente da Portuguesa, Manoel Da Lupa.
"Na terça, recebi do
Tribunal que o jogador tinha pegado dois jogos. Liguei para o Sestário e perguntei
para ele o que tinha acontecido. Ele disse que estava traumatizado e disse que
assumiria a responsabilidade pelo que ocorreu", argumentou.
O procurador William
Figueiredo Oliveira assumiu a palavra, para pedir a condenação da Portuguesa.
"A questão é puramente objetiva. É de direito. Muito se invocou a
moralidade... Isso só vale para os denunciados? E para as outras equipes da
Série A? Quantos deixaram de usar os jogadores suspensos?".
Ele ainda argumentou para
que a punição fosse cumprida neste ano e não em 2014, como abre brecha uma
regra da Fifa. "Só se aplicam as regras da Fifa, quando há omissão do
legislador pátrio. O artigo 214 é perfeito, não há omissão".
Foi a vez, então, de João
Zanforlim, advogado contratado pela Portuguesa para defender o caso. Conhecido
por trabalhar para o Corinthians há anos, o profissional fez um longo discurso
apoiado pela questão moral envolvida, já que a decisão rebaixa um time que se
'livrou' dentro de campo.
"Perto da Copa do
Mundo se há alguma coisa que me irrita é ver os hermanos fazendo gracinha: 'Sei
lá se a gente ganhar no campo e algo pode tirar algo da gente'. Naquele domingo
que terminou o campeonato nós tínhamos jogador chorando, comemorando o seu não
rebaixamento ou a classificação para torneios internacionais", começou.
"Três auditores dessa
casa assim decidiram no caso do Naviraiense que a competição não pode ser
arranhada. Tenho impressão de que a imprensa tem razão com o termo 39ª torcida.
A casa lotada, com torcida lá fora. Se o julgamento fosse no Maracanã talvez
tivéssemos condições de receber todos os amigos", ironizou Zanforlim.
No final de seu discurso,
o advogado da Lusa pediu que se o tribunal não absolvesse o time da punição,
que pelo menos enquadrasse o caso em um outro artigo do CBJ, o 223, que diz:
"Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de decisão, resolução,
transação disciplinar desportiva ou determinação da Justiça Desportiva. PENA:
multa, de R$ 100 a R$ 100 mil. Parágrafo único. Quando o infrator for pessoa
natural, a pena será de suspensão automática até que se cumpra a decisão,
resolução ou determinação, além de suspensão por noventa a trezentos e sessenta
dias, na reincidência, eliminação".
Os advogados de
Fluminense, Mário Bittencourt, e do Flamengo, Michel Asseff Filho, também
discursaram, como terceiros interessados - o primeiro para a condenação da Lusa
e o segundo em defesa.
Veio, então, o parecer do
relator, Felipe Bevilacqua.
"O caso é muito
técnico e objetivo (...) Imagina o caos que se tornaria o campeonato. Outros
clubes cumpriram a regra. E agora? Eles vão poder voltar ao Tribunal?
(...) Não existe análise da má fé, da culpa, do dolo (...) Usar a
Fifa não adianta. A entidade já puniu, por exemplo, Cabo Verde na Eliminatória
da Copa-2014 por escalação irregular", discursou.
"O erro foi primário
e descumpriu a regra. Acato a denúncia a condenar a Portuguesa à perda de
quatro pontos", votou o relator.
Nenhum comentário:
Postar um comentário