CAOS
NOS CÁRCERES DO MARANHÃO
Oito detentos já foram
assassinatos neste ano no sistema prisional maranhense – cinco deles por
estrangulamento ou enforcamento
Por OSWALDO VIVIANI (JP)
Os
assassinatos de detentos no sistema carcerário maranhense prosseguem, e mostram
que as “medidas emergenciais” levadas a cabo pelo governo Roseana Sarney (PMDB)
para conter a séria crise que se instalou nos presídios no fim do ano passado
fracassaram.
Vinte
e cinco presos (a maioria formada por líderes de facções) foram transferidos
para um presídio federal de segurança máxima, em Campo Grande (Mato Grosso do
Sul); o Batalhão de Choque, da Polícia Militar do Maranhão, e a Força Nacional
(federal) tomaram conta das sete unidades do Complexo Penitenciário de
Pedrinhas, realizando revistas quase diárias nas celas; um órgão com nome
pomposo – Comitê Gestor de Ações Integradas – foi criado pelo governo estadual
para enfrentar a crise prisional; e um mutirão para analisar os processos dos
apenados foi realizado pela Defensoria Pública do Estado.
No
entanto, nada disso parece estar dando resultados efetivos. As mortes nas
prisões do Maranhão continuam. Oito apenados foram mortos neste ano no estado,
quatro em Pedrinhas, um na CCPJ do bairro do Anil e três em cidades do interior
(Santa Inês, Balsas e Itapecuru-Mirim). Apenas mudaram os meios utilizados.
Com
acesso restringido, pelas revistas periódicas nas celas, a armas de fogo e
brancas – revólveres, “chuços” (faca artesanal), facões –, os presos agora
estão usando, para matar seus desafetos, o que a Secretaria de Segurança do
Maranhão chama de “outros meios”: enforcamento (com lençóis, fios elétricos ou
o que estiver à mão); estrangulamento (com objetos ou com as próprias mãos); ou
espancamento. Sete dos oito detentos mortos neste ano no sistema penitenciário
do Maranhão foram assassinados dessa forma. Um foi morto a “chuçadas”.
Veja a relação dos presos
assassinados no sistema carcerário do Maranhão neste ano:
Jô
Nojosa foi achado enforcado com uma ‘teresa’ numa cela da CCPJ de Pedrinhas em
21 de janeiro
Cledeilson de Jesus
foi morto por estrangulamento e jogado num balde, em Santa Inês
Valdiano da Silva:
assassinado por espancamento numa prisão em Balsas
Josinaldo
e Sildener: ambos foram mortos no dia 2 de janeiro, no CDP de Pedrinhas
OS 8 PRESOS ASSASSINADOS EM
2014 NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO MARANHÃO
1
Josinaldo Pereira Lindoso, 35
Encontrado
estrangulado na manhã de 2 de janeiro, na cela 9 do Centro de Detenção
Provisória (CDP) de Pedrinhas. Tinha condenação por assalto.
2
Sildener Pinheiro Martins, 19
Morto
a “chuçadas”, igualmente no dia 2 de janeiro, à tarde, também no Centro de
Detenção Provisória (CDP), numa cela do Bloco Alfa. Acusado de assalto e
homicídio. Sem condenação.
3
Jô de Sousa Nojosa, 21
Assassinado
por enforcamento, com uma “teresa” (corda improvisada), no dia 21 de janeiro,
na cela 7 do bloco D da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de
Pedrinhas. Tentou entrar com maconha e um celular, numa visita a um detento.
Preso porque já havia um mandado de prisão contra ele, por porte ilegal de
arma. Sem condenação.
4
Cledeilson de Jesus Cunha, 37
Assassinado
por estrangulamento na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Santa Inês
(a 245 quilômetros de São Luís) em 22 de janeiro. Cumpria condenação por assalto
e respondia também por participação no homicídio de Josinaldo Pereira Lindoso,
no CDP de Pedrinhas, em 2 de janeiro.
5
Valdiano Fernandes da Silva, 27
Espancado
no domingo (26) por quatro presos, na Unidade Prisional de Ressocialização
(UPR) de Balsas (a 790 quilômetros de São Luís), morreu na terça (28), no
Socorrão de Imperatriz. Estava preso por assalto. Sem condenação.
6
Joelson da Silva Moreira, o ‘Índio’, 29
Espancado
no dia 7 de fevereiro (sábado), por outros detentos, na Delegacia Regional de
Itapecuru-Mirim (a 120 quilômetros de São Luís). Foi trazido no mesmo dia para
a capital e internado no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão 2),
com múltiplos ferimentos, em estado grave. Morreu na noite de quarta-feira
(12).
7
João Francisco Diniz Pereira, 25
Encontrado
enforcado na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do bairro do Anil,
na tarde do dia 26 de fevereiro, na cela 4 do Pavilhão Externo. Tinha 6 presos
na cela. João Francisco cumpria pena de mais de 17 anos por assaltos e tráfico
de drogas. Havia ingressado no dia 25 de janeiro de 2012 no sistema prisional
maranhense.
8
Pedro Elias Martins Viegas, 30, o ‘Jacaré’
Assassinado
por enforcamento na tarde (15h09) de 1º de março, no Bloco 1 do Centro de
Detenção Provisória (CDP – Pedrinhas). Preso por tráfico de drogas, “Jacaré”
havia sido transferido do Centro de Triagem para o CDP um dia antes de ser
morto (28 de fevereiro). Não tinha condenação.
Do blog do John Cutrim
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