Fundador do PT, Mercadante terá em suas mãos a coordenação de todos os grandes programas em andamento no governo federal. Ele será o ministro que vai saber de tudo, com poderes para escolher, diante de dúvidas, o que é urgente e o que pode esperar, o que é de interesse prioritário da presidente e o que não é. Nesse trabalho, vai mediar demandas e acordos, dono da palavra que só não será mais forte, para resolver as chamadas bolas divididas, que a da própria presidente.
Sério e introvertido, filho do general Muniz Oliva, que chefiou a Escola Superior de Guerra, Mercadante costuma ser claro e duro nas posições que defende dentro do partido. Ele já foi candidato a vice de Lula, em 1994, e coordenou a redação do programa do PT, dois anos depois. Eleito deputado federal mais votado do País, em 1990, também foi um recordista de votos quando chegou ao Senado, em 2002, com mais de 10 milhões de votos. Esse histórico, somado ao fato de ter concorrido a duas eleições a governador, fazem de Mercadante, internamente, um quadro respeitado por sua capacidade de empolgar a militância do partido. Dentro do PT, falar de igual para igual com ele não é mesmo para qualquer um.
SUCESSO NO PRONATEC - Aprovado por Dilma por seu desempenho no governo, Mercadante tem o que mostrar. Ele fez uma gestão no Ministério da Educação em que conseguiu ampliar a adesão ao programas educacionais inaugurados na gestão de Fernando Haddad, como o ProUni, e criar suas próprias marcas, a exemplo do Pronatec. Esse programa de ensino profissionalizante foi chamado pelo ministro de "forma de criar uma porta de saída para o Bolsa Família", uma vez que qualifica estudantes de baixa renda. Mercandante contabilizou nada menos que 4,7 milhões de matrículas no Pronatec em outubro do ano passado, aumentado seu cacife junto à presidente. Na Educação, ele passou a acompanhar Dilma em diferentes viagens, tornando-se um conselheiro político dela.
Neste ano de eleição presidencial, a ida de um quadro como Mercadante para a Casa Civil indica que a presidente continuará a fazer o "seu" governo – e não exatamente o governo que o PT gostaria que ela fizesse. O ministro que ganha novos poderes costuma falar mais alto que o próprio partido, e vai usar essa independência interna para combater o menor sinal de ameça à reeleição de Dilma, tanto dentro como fora da legenda.
Ao promover um quadro de sua inteira confiança para uma posição central no governo, a presidente mostra que está jogando para valer o jogo da sucessão, especialmente agora que o ex-presidente Lula, ao deixar a barba crescer, realimenta os sentimento do 'volta, Lula'. Para o novo ministro, o trabalho no ano da eleição será medido pelos resultados políticos. Se Dilma for reeleita, Aloizio Mercadante será o ministro mais forte também do segundo governo, entrando definitivamente no páreo para 2018.
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